Por felipe.martins

São Paulo - Acessar redes sociais durante o expediente de trabalho, seja pelo computador ou pelo smartphone, já se tornou um hábito dos brasileiros. Pesquisa feita com 1.200 pessoas no país aponta que sete em cada dez dizem conseguir harmonizar o tempo entre a navegação na internet e as atividades profissionais. No entanto, para especialistas, essa prática tira o foco dos funcionários sem que eles tenham consciência disso.

Estudo feito pela consultora em Recursos Humanos Eva Hirsch, em parceria com Cristina Panella Planejamento e Pesquisa e a agência LeadPix, aponta que, apesar de os trabalhadores não verem problema em acessar sites e aplicativos como Facebook, Twitter, Instagram e outros, 71% deles acreditam que, quando os seus colegas fazem o mesmo, perdem a concentração e o rendimento.

“Quando trabalhamos com comportamentos considerados pouco recomendáveis, as pessoas tendem a diminuir a franqueza sobre elas mesmas. Assumir para si o comportamento é muito mais complicado”, comenta Cristina Panella, doutora em Sociologia e especialista em inteligência e tecnologia do conhecimento.

Apesar disso, 45% dos entrevistados reconheceram que as novas tecnologias atrapalham a concentração. Já para consultora Eva Hirsch, é preciso que o profissional entenda que, a cada momento de distração, o cérebro perde o foco na tarefa principal. Esse tempo e a energia gastos a cada olhada no Facebook ou Instagram, para alguém que faz isso diversas vezes ao dia, podem resultar em horas perdidas durante o expediente.

“O cérebro perde tempo para voltar a se concentrar. É como se você corresse em uma esteira, parasse e depois voltasse a correr com um ritmo cardíaco menor. O cérebro não pega no tranco, ele demora um tempo para aquecer”, compara Eva.

Para especialista em gestão%2C é preciso ter bom senso ao usar sites como Facebook no trabalhoDivulgação

Para 29% dos entrevistados, a solução seria a proibição do uso das redes sociais e de e-mail pessoal no trabalho, podendo se tornar até motivo de demissão. As especialistas não recomendam, porém, uma saída tão drástica. Segundo elas, essas ferramentas vieram para fazer parte do dia a dia e o que nos resta é administrar seu uso no ambiente de trabalho e equilibrar esse comportamento de forma que não afete a produtividade.

“As pessoas ainda não desenvolveram esse mecanismo de incorporar a rede social, o celular e o tablet no dia a dia e ainda assim não perder foco. Hoje, o funcionário verifica as notificações no smartphone e e-mail no computador ao mesmo tempo. É humanamente impossível ter cabeça para isso tudo”, comenta Cristina.

A especialista sugere que as empresas não lutem contra a tendência, mas invistam em conscientizar os funcionários da importância de um bom planejamento do tempo durante o expediente.


Empresas ainda limitam o acesso

De acordo com a pesquisa, o acesso às redes sociais ou até mesmo ao e-mail pessoal ainda é restrito para 39% dos entrevistados, que navegam apenas em horários estipulados pela companhia. Apenas para 32% dos consultados o acesso é liberado durante todo o expediente e, para 28%, essa condição existe só para uma parte dos funcionários das empresas.

A consultora Eva Hirsch lembra, no entanto, que o uso balanceado das redes sociais no trabalho pode fazer com que o funcionário até melhore a produtividade, pois o cérebro precisa de algumas pausas durante o dia para estimular a criatividade. “Não é bom ficar o tempo todo focado no problema, o cérebro precisa estar em contato com situações diferentes também”, explica.

Para ela, a melhor saída ainda é que o próprio funcionário tenha consciência das distrações durante o expediente e tente criar uma rotina, delimitando, por exemplo, a quantidade de tempo que acessa as redes sociais.

É preciso saber usar

A bancária Jade Dias, 24 anos, é contra o uso de redes sociais durante o serviço. “Atrapalha muito e perde-se tempo. Só de abrir o Facebook, por exemplo, gastamos cerca de três minutos. Com esse mesmo tempo conseguimos responder um e-mail do trabalho”, afirma.

A jornalista Natália Dias, 24, por sua vez, defende o uso dessas ferramentas com moderação. “Atrapalha quando a pessoa não se controla, não resiste à vontade de acompanhar as atualizações. Eu prefiro até ver no celular para não perder muito tempo”, admite.

Para a cantora Beatriz Simões, 22, o importante é saber o momento ideal de acessar a internet. “Tem hora para tudo. Quando é preciso se concentrar, as redes sociais atrapalham”, diz.

Reportagem de Murilo Aguiar

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