Por thiago.antunes

Rio - Nos anos 1990, durante a campanha presidencial nos Estados Unidos, uma frase dita pelo especialista em marketing político James Carville tornou-se célebre no mundo inteiro: “É a economia, estúpido!”, para explicar como Bill Clinton venceria a eleição sobre George Bush (pai), que tentava a reeleição. Guardada as devidas proporções, a frase resume uma dinâmica que tem definido as corridas eleitorais no Brasil e, mais uma vez, está presente na campanha deste ano.

Em um cenário de desaceleração econômica, como se encontra o país hoje, o eleitor fica mas ressabiado na hora do voto e a economia ganha destaque no debate eleitoral. Nessa hora, o eleitor se preocupa mais com o emprego, renda e quanto gastar no supermecado no final do mês.

Neste segundo segundo semestre, a inflação arrefeceu um pouco e o desemprego continua baixo, na média dos 5%. Para o economista Mauro Osório, o cenário inflacionário é bem menos grave do que o mercado tenta fazer parecer. Apesar da relevância do tema, ao verificar os pontos econômicos, que constam nas propostas de governo dos três principais candidatos à presidência da República, observa-se poucas diferenças entre as propostas.

Candidatos têm propostas parecidas Arte%3A O Dia

“Na verdade, todas as propostas econômicas apresentadas são cartas de boas intenções. A questão é se são exequíveis, é mostrar ao eleitor se realmente podem se tornar realidade”, aponta o economista Gilberto Braga. Professor de Economia do Ibmec-RJ e da Fundação Dom Cabral, Braga diz que, aparentemente, um segundo governo de Dilma Rousseff seria de continuidade, o que pode representar, no atual momento, mais incertezas do que soluções para o país.

“Fica a dúvida se ela vai mexer ou não na equipe econômica, já que o atual time não está dando certo. Com isso, se cria clima de espera e incertezas”, diz Braga. Segundo o professor, a economia está desorganizada, mas o governo não fará nenhum movimento nesse momento, por ser um período eleitoral.

Já para os candidatos de oposição, Aécio Neves, do PSDB, e, agora, Marina Silva, do PSB, é mais fácil criticarem e atribuírem o baixo crescimento a políticas equivocadas adotadas pelo governo federal. “Analisando as propostas de governo dos candidatos, a área econômica é a pior de todas. Há uma similaridade, com pequenas diferenças”, destaca o coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina, Reginaldo Gonçalves.

Próximo ano será de ajuste

Para o economista Mauro Osório, o principal problema de Dilma Rousseff é restabelecer um mínimo de confiança com o empresariado. Na avaliação do professor da Faculdade de Direito da UFRJ, esse segundo semestre será um pouco melhor do que o primeiro. “A inflação está desacelerando e deve se manter estável em 2015. O PIB vai ser baixo, mas o comércio deve crescer 4%”, aponta.

Já Reginaldo Gonçalves assegura que 2015 será um ano terrível e de ajustes, independentemente de quem esteja à frente do Palácio do Planalto. “Há risco de desemprego, a indústria e o comércio estão no seus limites”, destaca o professor da Santa Marcelina. Segundo ele, precisaria haver uma alta recuperação da economia para ter um PIB forte. “Mas, para que isso ocorra, é importante que o empresariado tenha confiança em que vai entrar”, diz Gonçalves.

Tarifas terão que ser liberadas

O professor Gilberto Braga afirma que qualquer um dos três candidatos que assumir o governo terá que desarmar uma bomba relógio pronta para estourar: “Liberar os preços administrados das tarifas, como combustíveis e energia e evitar a pressão inflacionária.”

Ele explica que houve um represamento maior da inflação esse ano, a partir da economia criativa de controle dos índice, mas que,mesmo assim, ela deve bater no teto, em torno de 6,48% ao longo de 2014. Já o crescimento do PIB, do ponto de vista do empresariado, é mais uma questão psicológica para ocorrer mudanças.

“A vitória da Dilma pode postergar o movimento dos empresários. Já com Aécio há otimismo maior, por conta da presença de Armínio Fraga na equipe de governo. Ele tem bom trânsito e goza de prestígio e esperança no mercado financeira. Já Marina representa um nível de risco maior por ser novidade, mas já não assusta tanto”, resume Braga.

Propostas

- Marina Silva - Coligação Unidos pelo Brasil

Diretrizes
Com o PSB e a Rede à frente, o eixo do programa econômico busca o desenvolvimento sustentável a partir da simplificação, transição para a economia de baixo carbono, redução das desigualdades sociais e a incorporação da inovação tecnológica.

Macroeconomia

Defende a autonomia do Banco Central. Criar condições, em parceria com o setor privado, para que se promovam investimentos prioritariamente em áreas estratégicas e que tenham grande efeito multiplicador sobre o parque industrial instalado.

Reformas

Fortalecer as atividades relacionadas à economia solidária, fomentando empreendimentos como cooperativas e associações e investir no desenvolvimento regional e sustentável.

Empregos e renda

Investir em empregos calcados em uma economia sustentável, proporcionando trabalho decente com baixo consumo e emissão de carbono.

Infraestrutura

Focar em uma infraestrutura que seja eficiente e sustentável no uso dos recursos naturais, permitindo a transição para uma economia de baixo carbono. Investir em energia limpa, em transporte e logística.

- Dilma Rousseff - Colicação Com a força do povo

Diretrizes

O programa do PT, que tem o PMDB como aliado, prevê promover novo ciclo de mudanças, dando continuidade às transformações econômicas e sociais dos últimos 12 anos.

Macroeconomia

Tem como premissa manter a solidez econômica e ampliar as políticas sociais, a partir da competitividade produtiva. Criar o Brasil Produtivo, estimulando as políticas industrial, científica, tecnológica e agrícola, por meio da inovação, logística e melhor ambiente de negócios.

Reformas

Incentivar os investimentos em produção e consumo de massa, em infraestrutura social e econômica, na construção de um país sem burocracia e construir uma sociedade do conhecimento no país.

Emprego e renda

Melhorar a qualidade do emprego com forte apoio da Educação. Capacitar o trabalhador, abrindo mais 12 milhões de vagas para os cursos técnicos, a partir de 2015.

Tecnologia

Implantar plataformas de conhecimento, acelerando a geração da inovação no país, envolvendo cientistas, instituições de pesquisas e empresas no crescimento competitivo.

- Aécio Neves - Coligação Muda Brasil

Diretrizes

Com o PSDB e o DEM em destaque, os partidos prevêem que o desenvolvimento econômico terá corte regional, com propostas de crescimento para regiões mais fragilizadas por meio de programas de fomento e apoio a micro e pequena empresas.

Macroeconomia

Defende a autonomia do Banco Central, que terá missão de levar a taxa de inflação à meta de 4,5% ao ano. Integrar o país ao comércio internacional. E incentivar o desenvolvimento regional e o empreendedorismo.

Reformas

Simplificação do sistema tributário nacional, criando um cadastro único para pessoas físicas e jurídicas. Já na Previdência Social, o foco é a melhoria do equilíbrio atuarial das contas do regime geral de previdência social, buscando um incremento sustentado da atividade.

Emprego e renda

Controlar a rotatividade da mão de obra e aumentar a produtividade. Investir em capacitação para uma nova política de emprego e renda.

Tecnologia

Estruturar o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, investindo nas universidade públicas e instituições de pesquisa, federais e estaduais.

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