Por bferreira

Rio - O Rio vai ganhar um quarto aeroporto. Prefeitura e governo federal avaliam a possibilidade de construir o terminal no Campo da Fé, em Guaratiba, para pouso e decolagem de helicópteros, principalmente para atender à demanda do pré-sal, que hoje sobrecarrega o aeroporto de Jacarepaguá, também na Zona Oeste.

Preço alto cobrado pela alimentação em aeroportos é principal reclamação dos passageiros%2C segundo pesquisa da Secretaria de Aviação CivilJosé Pedro Monteiro / Agência O Dia

A obra faz parte de um projeto da Secretaria de Aviação Civil para a construção e a reforma de nove aeroportos regionais no estado, com o objetivo de aumentar a integração nacional e facilitar o transporte de carga.

“Coloquei para discussão com a Prefeitura do Rio a possibilidade de aproveitar aquela área que foi preparada para o encontro do Papa com os jovens e que a chuva impediu. A ideia é preparar um aeroporto que atenda a essa demanda criada pelo pré-sal. Hoje há uma pressão muito grande no aeroporto de Jacarepaguá de trabalhadores indo para Macaé, por exemplo. O prefeito Eduardo Paes achou a ideia boa. Mas isso tem que amadurecer ainda. Essas decisões, se tomadas hoje, só entram em operação daqui a uns sete anos”, explica o ministro-chefe da Aviação Civil, Moreira Franco.

Segundo ele, as outras opções seriam a Base Aérea de Santa Cruz e o Campo dos Afonsos, em Deodoro. “Mas acho que a Aeronáutica não vai ceder nenhum dos dois. Porque o Afonsos é um local de treinamento. E a base é onde tem os paraquedistas. Além disso, tem muita história. Toda instituição tem seus ícones. E eles já perderam como referência a base aérea do Galeão”, avalia o ministro.

NOVE TERMINAIS NO INTERIOR

Atualmente, cerca de 1,2 milhão de passageiros por ano vão de Macaé, na Região Norte do estado, para as plataformas de petróleo. “Estamos falando só das operações que já existem na Bacia de Campos. Não estou falando nem do pré-sal ainda. A Petrobras está licitando uma área para fazer grande heliporto em Campos, mas ali não vai ser suficiente. É preciso ter uma infraestrutura adequada para atender a esse aumento de demanda”, reforça Moreira Franco.

Os outros aeroportos que fazem parte do plano de integração são de Macaé, Cabo Frio, Itaperuna, Angra dos Reis, Paraty, Volta Redonda, Resende e Campos. E, possivelmente, em Friburgo, que ainda está sendo estudado. De acordo com o ministro, o maior volume de investimentos será feito em Macaé.

“As principais empresas do setor de petróleo e gás estão instaladas no município. Esse setor importa 30 mil toneladas de equipamentos por ano. Desse total, três mil toneladas chegam pelo aeroporto de Cabo Frio e 27 mil toneladas pelo Galeão. Veja o que significa ao longo do ano a quantidade de carretas saindo do Galeão até Macaé. É uma barbaridade. Para eles é um custo terrível e os torna pouco competitivos.

Para Macaé, é uma perda, porque as empresas vão sair dali. Por isso, vamos fazer uma adequação do projeto para que tenhamos um aeroporto no município capaz de atender as demandas de carga”, diz o ministro.

Os aeroportos de Campos, Cabo Frio, Itaperuna, Angra, Paraty e Rezende passariam por reformas nos terminais, pátios e pistas de pouso. O de Volta Redonda ainda seria construído. “O de Friburgo ainda é uma interrogação, pois buscamos um terreno”, explica.

Aviação civil precisa de uma nova regulamentação

Para Moreira Franco, o ambiente de concorrência exige uma regulamentação mais bem definidaDivulgação

Para Moreira Franco, os principais desafios da aviação civil no país hoje são relacionados à infraestrutura e à regulação. “Temos que definir alguns pontos que não estavam definidos. Quando você tem regras em um ambiente de monopólio, é muito mais fácil e há um processo decisório muito mais nítido, porque você não tem uma margem de conflito muito grande. Hoje não vivemos mais no monopólio, vivemos na concorrência”, avalia o ministro, fazendo referência ao processo de privatização dos aeroportos.

Segundo ele, a Agência Nacional de Aviação Civil deveria dividir o papel de fiscalização dos aeroportos com os governos de cada estado. “É muito mais razoável, muito mais próximo da população. A Anac define as regras gerais e o governo do estado fiscaliza e garante que essas normas sejam cumpridas”, sugere o chefe da pasta.

Sobre as obras de reforma do Aeroporto Internacional do Rio, Moreira Franco afirma que quer recuperar a qualidade que o Galeão tinha quando foi criado. “Quando inaugurou, era considerado um dos melhores do mundo, comparado ao Charles de Gaulle, em Paris. Nosso erro foi que não se fez obra. E um aeroporto deve passar por reformas constantemente. Agora, nós temos o melhor operador de aeroportos do mundo,que é o que vai cuidar do Galeão. Um contrato define o que deverá ser feito até 2016 pelo consórcio. Vamos acompanhar rigorosamente o cumprimento desse documento”, garante o ministro.

Preço da alimentação é a maior crítica de passageiros

Pesquisa feita pela Secretaria de Aviação Civil revelou que a principal irritação dos passageiros com os aeroportos do país é em relação ao preço cobrado pela alimentação. Segundo Moreira Franco, isso acontece em função do monopólio das empresas dentro dos terminais.

“É preciso ter concorrência. Não tem cabimento ter uma ou duas lojas de alimentação. Nos aeroportos concessionados, a experiência tem sido bastante positiva. As redes de alimentação disputam entre si”, afirma.

No caso do Santos Dumont, que ainda é administrado pela Infraero, o ministro afirma que a situação já tem mudado. “Há um ano atrás, a Infraero ainda não tinha uma política comercial. Hoje, já existe uma concorrência lá dentro”, diz.

Outra questão que precisa ser revista pelas empresas que administram os terminais, segundo Moreira Franco, é sobre os banheiros. “Minha primeira atitude quando assumi a pasta foi começar a limpar os banheiros”, brinca o ministro. Essa é outra das principais críticas dos passageiros, que reclamam da higiene e do número reduzido de cabines nos sanitários.

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