Por bferreira

Rio - Quem for às compras para a tradicional distribuição de doces no Dia de São Cosme e São Damião, comemorado em 27 de setembro, pagará até 15% a mais na maioria dos produtos. Apesar da alta de preços, manter a tradição não sairá caro. Levantamento feito pelo DIA em atacadistas do Rio e do Grande Rio mostra que as mercadorias suficientes para encher 100 saquinhos, com oito tipos diferentes de guloseimas, não chegam a custar R$ 60 para o consumidor.

Taisa Souza segue costume da mãe que dava doces para pagar promessa pela saúde da família. “A obrigação já foi paga%2C mas virou tradição”José Pedro Monteiro/ Agência O Dia

Júlio César Matos, diretor comercial da Ufa Taquara, afirma que neste período as vendas, em média, chegam a aumentar 50%. E com o fato de ser ano eleitoral, ele acredita que a alta atingirá 60%. A Ufa tem mais de 40 anos de tradição no ramo com cinco unidades pelo estado.

“Muitos candidatos promovem festas em comunidades carentes para dar doces e agradar potenciais eleitores. Já virou tradição”, comentou o diretor.

Como dia 27 cai em um sábado, Matos estima que isso reforçará ainda mais as vendas, já que as cinco unidades da rede (Taquara, Quintino, Penha, Campo Grande e Olinda, em Nilópolis) vão abrir no domingo, dia segurinte. “Sempre abrimos no domingo quando a data cai no sábado, já que acaba sendo um segundo dia de distribuição de doces. Vendemos para atender aqueles que voltam para comprar mais e para quem se anima em dar doces de última hora após ver crianças nas ruas atrás das guloseimas no dia anterior”, revela Matos, acrescentando que a rede abrirá as lojas todos os domingos até o dia 28.

Sheila Reis, diretora administrativa do Mercadão de Madureira, espera um aumento de cerca de 20% nas vendas de doces pela proximidade da data festiva nas seis principais lojas de doces do centro comercial.
“Além de doces, há grande venda também de brinquedos de preços baixos que são dados junto com os saquinhos”, explica a diretora do Mercadão.

PREÇOS

Simulação de preços das lojas da rede Ufa aponta que 100 saquinhos com oito tipos de doces (todos com caixa de 50 unidades) sai por R$ 57,71. São eles: suspiro por R$ 3,99, maria mole por R$ 8,99, pirulito (R$ 2,49), pé de moleque (R$9,99), doce de abóbora (R$12,99), pingo de leite (R$7,99) e pipoca de arroz (cocô de rato) R$ 4,99. O valor inclui 100 saquinhos de plástico (meio quilo) a R$ 2,99.

Nas lojas do Mercadão de Madureira, os preços do pé de moleque (R$ 6,89) e do doce de abóbora (R$ 9,99) saem mais baratos. No entanto, a maria mole (R$ 9,98) e cocô de rato (R$ 5,50) estão mais caros.

Vendas só aumentam a partir da semana que vem

Nas lojas do Mercadão de Madureira, o movimento ainda é fraco. Segundo Anselmo Henrique Gonçalves Dias, gerente da Big 2000, as vendas só devem aumentar na próxima semana. Quando ele espera uma alta de até 20% na procura. “O brasileiro sempre deixa tudo para a última hora”, afirma o comerciante, dizendo que manteve os preços do ano passado.

Vanessa Souza, gerente da Aki Comércio, alega que os preços tiveram alta média de 15%. Em relação ao movimento, a comerciante diz que teve uma pequena alta de 5%.

“Na semana que vem é que as pessoas começam mesmo a comprar. E como aumentou muito o número de evangélicos na região, nossas vendas de doces se expandem até as primeiras semanas de outubro. Afinal, há os que não dão doces no Dia de São Cosme e Damião, mas distribuem no Dia das Crianças”, revela.

Tradição de família de mais de 30 anos

A autônoma Taisa Souza, de 32 anos, diz que distribuir doces no Dia de São Cosme e Damião é uma tradição de família. “Começou com uma promessa de minha mãe em troca de saúde e prosperidade para os filhos. Acontece que ela já pagou a promessa há mais de 30 anos e nossa família não abandonou a tradição”, lembra.

Moradora de Vista Alegre, bairro da Zona Norte do Rio, ela foi até o Mercadão de Madureira para comprar mercadoria suficiente para dar 200 saquinhos de doces. Taísa informa que pagou cerca de 10% a mais do que de costume. “Somado aos brinquedos, gastei mais de R$ 700”, conta a autônoma, que fez compras na Aki Comércio de Doces.

O operador de telemarketing Emerson Ferreira, 41, não quis deixar as compras para a última hora. “Além da tranquilidade tive tempo de pesquisar”, comentou Dias, que gastou R$ 132 em doces para 100 saquinhos na loja Big 2000.

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