Por adriano.araujo

Rio - Obsolescência programada. Poucos conhecem ou sabem o que quer dizer esse “palavrão”. Porém, hoje em dia, todo mundo já teve a sensação provocada por essa faceta do consumo moderno. Apesar do avanço tecnológico, resultando na criação de uma diversidade de materiais disponíveis para a produção e compra, hoje nossos eletrodomésticos e eletroeletrônicos têm durabilidade muito inferior do que os aparelho fabricados há 50 anos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), o desgate natural dos produtos é normal. Mas, o produto ser “planejado” para parar de funcionar ou se tornar obsoleto em curto período de tempo é prática da indústria que deve ser combatida.

Um dos principais exemplos de obsolescência programada é a lâmpada. Quando criada, durava muito. Mas, os fabricantes perceberam que venderiam um número limitado de unidades. Assim, criaram uma fórmula para limitar o funcionamento das peças, que passaram a durar apenas mil horas, por exemplo.

Um estudo do Idec e da Market Analysis sobre percepção e hábitos dos consumidores brasileiros em relação ao uso e descarte de aparelhos eletrônicos comprovou que as pessoas esperam uma vida útil de dois a três anos a mais do que, de fato, os equipamentos oferecem. A falta de assistência técnica, elevado custo para o conserto e a atualização estão entre os principais fatores que influenciam na troca.

Celulares, smartphones e computadores estão entre os equipamentos que apresentam a maior frequência de problemas de funcionamento. Para a entidade, a obsolescência funcional programada, ou seja, o tempo de durabilidade, é planejado para ser menor e induzir novas vendas.

Também existe a obsolescência psicológica, quando os consumidores são induzidos a trocar de produtos mesmo que ainda não apresentem defeitos, estimulados pela rápida substituição por modelos mais modernos lançados.

Pesquisadora do Idec, Renata Amaral diz que não existe nenhuma regulamentação que determine o tempo de vida útil de um equipamento. Segundo ela, a sensação de que os produtos duram menos é grande entre os consumidores.

Além disso, a pesquisadora alerta sobre a necessidade das pessoas refletirem se é mesmo necessário trocar de aparelho, às vezes, até com menos de um ano de uso.

Prazo maior de garantia

?Professor do MBA em Estratégia e Ciências do Consumo da ESPM-Rio, Eduardo França diz que, desde a crise de 2008, há incentivo grande ao consumo. Segundo ele, é um movimento próprio da economia.

Porém, França afirma, no entanto, que há tendência de consumo consciente que leva a pessoa a refletir sobre preço, qualidade e necessidade na hora da compra de um novo produto.

Já uma pesquisa da Proteste — Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, apontou que 45% dos eletrônicos e eletrodomésticos apresentam defeito antes de completarem dois anos de uso. Os campeões são as câmeras fotográficas, os computadores e os tablets.

Por isso, a entidade lançou uma campanha para ampliar o prazo da garantia legal, que hoje é de apenas três meses, para dois anos. A justificativa é que se a garantia for mais longa, a indústria investiria em produtos mais duradouros.

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