Por felipe.martins

Rio - Os pais de alunos matriculados em escolas particulares vão enfrentar reajuste médio de 8% nas mensalidades de 2015, podendo chegar a 15% em alguns casos. O percentual está acima da inflação prevista para 2014 (6,39%). Com a alta no preço do ensino privado, órgãos de defesa do consumidor orientam que o valor seja negociado.

“O reajuste na maioria das escolas privadas deve ser de 8%. Porém, pode ficar acima, mas é exceção”, disse Edgar Flexa Ribeiro, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio (Sinepe Rio). A alta prevista para o próximo ano preocupa a protética Carla Cardoso, 39 anos, mãe de dois alunos matriculados no Colégio Cruzeiro, no Centro. Ela paga R$1.800 de mensalidade para cada filho. Com os 8% de reajuste que podem vir, o valor deve ficar em R$1.944 cada (total de R$ 3.888).

“É absurdo o reajuste que as escolas particulares nos repassam. Vou tentar negociar”, disse. O Colégio Cruzeiro ainda não sabe de quanto será o reajuste para 2015.

Mãe de dois alunos do Colégio Cruzeiro%2C Carla Cardoso paga mensalidade total de R%24 3%2C6 mil pode ir a R%24 3%2C8 milFabio Gonçalves / Agência O Dia

O Colégio La Salle Abel também não tem valores definidos, que serão divulgados na segunda quinzena de outubro. Mas as instituições de Niterói devem ter reajustes entre 10% e 15%.
Assim como as instituições de ensino privado, o setor de serviços em geral tem aumentado os preços acima da inflação. A justificativa é a carência de mão de obra qualificada e a alta no valor dos aluguéis das contas de luz.

“O reajuste é mais uma recomposição de preços do que margem de lucro. Além disso, o custo das escolas aumentou”, esclarece Gilberto Braga, economista e professor do Ibmec Rio e da Fundação Dom Cabral. A alta prevista acontece por conta do pagamento dos salários dos funcionários, que representa 70% do custo das escolas.

“A mensalidade deveria estar vinculada a algum índice. Se pegarmos o IPCA de educação acumulado de 12 meses até agosto, o valor é de 7,37%. E o ICV (Índice do Custo de Vida) no mesmo período é de 8,8%”, afirma o gerente técnico do Idec, Carlos Thadeu de Oliveira.

Para manter o filho em um colégio de qualidade, a aeronauta Lenita Cavalcante, 51 anos, recorreu à negociação. Como o filho tinha boas notas, ela conversou com a direção e conseguiu 20% de desconto.


Renovação de matrícula é período para ter desconto

A abertura do período de renovação de matrícula é um bom momento para se pleitear bolsa de estudo, garantir descontos, de acordo com a escola e com os critérios de avaliação adotados. Também é a hora de tirar dúvidas e questionar os índices de reajuste se estiverem muito acima dos indicadores de inflação.

A Associação de Consumidores Proteste orienta os pais a se unirem com outros responsáveis de alunos para pedir a planilha de custos da escola. A instituição também deve justificar o motivo para aumentar o valor da mensalidade, se haverá investimento em melhorias, por exemplo. Segundo a Proteste, a cobrança de taxa de reserva de vaga é permitida desde que seja abatida do valor da primeira parcela da anuidade.

Além disso, a matrícula precisa fazer parte do valor integral da anuidade, não pode constituir uma parcela a mais, como se fosse a 13ª mensalidade. Para aqueles que estão com mensalidades atrasadas é hora de procurar a instituição para renegociar o débito. Não há obrigatoriedade legal da escola aceitar o parcelamento da dívida. Se o aluno pedir transferência para outra instituição, o estabelecimento também não pode reter nenhum documento em caso de inadimplência.

Outro ponto importante é que o contrato deve prever a devolução de parte do valor pago, em caso de desistência da vaga, antes de começar o ano letivo. Mas, os pais devem ficar atentos aos prazos de devolução. Pode ser cobrada multa pelo cancelamento, desde que prevista no contrato e com limite de 10%.

É preciso levar em conta se os pais conseguem pagar a mensalidade e todas as outras despesas envolvidas (uniforme, lanche, material escolar, passeios eventuais e transporte), afirma Reinaldo Domingos, educador financeiro e presidente da Dsop Educação Financeira.

“Se estiver nessa situação de aperto financeiro, jogue aberto com a escola e veja a possibilidade de parcelamento, para desafogar o orçamento e evitar dívidas, que podem levar à inadimplência”, orienta Domingos.

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