Rio - Desde que foi criada a figura do Microempreendedor Individual (MEI), em 2008, o sistema ganha novos contornos no Rio, a cidade das belezas naturais, que serve de escritório a céu aberto para novos microempresários. São ambulantes e profissionais liberais que, formalizados, veem seus empreendimentos aumentarem vendas e lucros, principalmente, por terem inscrição de pessoa jurídica e poder emitir nota fiscal para o cliente.
Foi o que fez a jovem Juliana Mergener, 25 anos, ao abrir a empresa Street Burguerz. Antes ela vendia os sanduíches, que produz em casa, nas praias e em blocos de Carnaval. A partir da oficialização n MEI passou a oferecer seus produtos também em festas e eventos fechados, tornando-se uma das 503 mil empreendedores formalizados no Rio. No país, até o mês passado, eram 4,3 milhões.
“Cada vez mais os trabalhadores percebem a importância se formalizar para eles terem os mesmos benefícios de uma grande empresa”, explica a analista de políticas públicas do Sebrae-RJ, Juliana Lohmann.
Além de as atividades permitidas serem bem amplas para o trabalhador virar um empreendedor individual, o MEI tem conquistado os mais novos que ingressam no mercado de trabalho. “O jovem que já possui uma atividade ou como hobby ou até mesmo por necessidade, vê na formalização a possibilidade de crescer”, diz.
Juliana assegura que o MEI se aplica muito bem para quem atua na prestação de serviços, como iluminador, manicure, fotógrafo, DJ, e os que vendem roupas de porta em porta, entre tantas outras profissões.
Além do benefício social, ao se formalizar como MEI, o trabalhador passa a ter CNPJ, emite nota fiscal, e passa a ter um melhor relacionamento tanto com clientes quanto fornecedores, exigindo melhores prazos. O fotógrafo Brunno Dantas, 34 anos, formalizou sua atividade, quando percebeu que perdia um percentual dos seus cachês, descontados pelos clientes para pagamento de tributos. Além disso, segundo ele, formalizado, começou a ter mais trabalhos, pois passou a emitir nota fiscal, uma exigência das empresas para as quais prestava serviço.
“A partir do momento que recebi o CNPJ da empresa, abri conta em banco e agora tenho aparelho que conecto no celular e faço a cobrança com cartão de crédito ou de débito. Isso facilita muito a relação com os clientes e pago taxa mínima por mês”, diz o fotógrafo, que presta serviço para empresas e pessoas físicas, como casamentos ou para bandas de música.
Planejar é essencial
Especialista em Carreiras do Ibmec Rio, Janaína Ferreira afirma que, mesmo para se tornar um empreendedor individual, é fundamental se preparar. Ou seja, conhecer o ramo que vai atuar, se planejar e fazer um plano de negócios. “Os riscos de não dar certo são grandes. No momento, a economia também não está muito positiva para empreender”, alerta.
Para o pipoqueiro Nelson Gonçalves, 43 anos e há 21 na esquina da Avenida Rio Branco com Rua Santa Luzia, tornar-se empreendedor foi muito positivo. “Ter me registrado abriu oportunidades. Fiz parcerias com festivais de filmes e empresas. Sem nota fiscal, o meu negócio estava estagnado. Virar MEI foi a melhor atitude que tomei. As vendas aumentaram, já que os meus clientes ficam mais tranquilos sabendo que estão comprando um produto de um profissional legalizado”, diz.
Hamburgueria: das ruas para eventos fechados
Formada no curso técnico chefe-executivo de cozinha do Senac RJ, a jovem Juliana Mergener, 25 anos, também formalizou a empresa caseira Street Burguerz. Há um ano e meio, ela produz hambúrguer que vende nas praias e em blocos de Carnaval. O serviço deu tão certo, que ela começou a participar de eventos culturais pela cidade.
“Tenho um isopor personalizado com a minha marca para as vendas nas ruas e um tabuleiro para eventos fechados”, conta. “Fiz um plano de negócios e quero crescer de maneira sólida, passo a passo. Agora, posso emitir até nota fiscal”, conta.