Por felipe.martins

Rio - Imagine poder transferir um valor para o exterior ou fazer uma compra sem precisar pagar taxas por isso, como o próprio IOF. Esse cenário é possível para as transação feitas por meio da moeda digital bitcoin, que movimenta a internet apesar de sua grande variação diária de valor. Os bitcoins, que já atraem 2 milhões de usuários no mundo, ficam armazenados em carteiras virtuais. Com eles, é possível fazer compras nas cerca de 100 lojas que aceitam a forma de pagamento no Brasil, e enviar valores para outras carteiras.

A moeda é uma espécie de ação da Bolsa de Valores. O mecanismo pode ser explicado pela seguinte analogia: existe uma grande empresa chamada bitcoin, ela é partida e os pedaços são vendidos aos investidores que passam a ter as moedas de troca.

Mesmo existindo essa semelhança com outros produtos financeiros, a divisa digital é muito mais imprevisível (volátil). Como ainda são poucos bitcoins circulando na rede, a cada grande operação feita por um investidor, o mercado perde o equilíbrio. Esse movimento provoca oscilações consideráveis no valor da unidade.

No lugar do metal%2C moeda digital é feita de códigos computadorizados. Um algoritmo%2C desenhado justamente para esse fim%2C gera protocolos muitos raros que agregam o Divulgação

Mas no lugar do metal, a moeda digital é feita de códigos computadorizados. “Um algoritmo, desenhado justamente para esse fim, gera protocolos muitos raros que são distribuídos em blocos”, explica Safiri Félix, diretor-executivo da empresa de conversão da moeda Coinverse.

O especialista acrescenta ainda que é justamente por ser um valor “em nuvem” que as transações são mais rápidas e sem taxação. “No banco, o cliente paga imposto entre 5% e 7% da transferência e ainda espera cerca de cinco dias para que a transação aconteça. Com o bitcoin, o usuário é o seu próprio banco, podendo enviar no mesmo dia e sem taxas”, diz Félix.

Foram esses motivos que levaram o empresário Leandro Markus, 24 anos, a construir uma carteira de bitcoins. “Já usei a moeda para contratar serviços, como a construção de um site, e até mesmo para hospedagens em hotéis”, conta.

Markus troca a moeda por reais em corretoras online. Cada bitcoin vale, em média, R$ 900, podendo variar mais de 50% por dia. Mesmo assim, ele diz que não teme a alta volatilidade: “Entramos no negócio sabendo que ele é arriscado.”

O executivo-chefe da corretora Bitinvest, Flávio Pripras, diz que mais uma vantagem para o consumidor é não precisar andar com dinheiro físico, evitando assaltos. “Se torna muito mais seguro quando está em uma conta virtual.”

Foram criados inicialmente 21 mil bitcoins em códigos. Eles têm prazo de validade até 2041. Mas, em apenas um ano, 13 milhões de bitcoins entraram no mercado.

Cada vez mais popular no comércio

Com o aumento da procura de consumidores por bitcoins, cada vez mais lojas passam a aceitar a forma de pagamento no Brasil. A Joox, plataforma online especializada em personalizar cartões de visitas, por exemplo, é uma delas. “Os clientes pediram e decidimos experimentar”, contou o principal-executivo da empresa, Genau Lopes Jr. A loja usará o sistema argentino BitPagos, primeira plataforma de bitcoin da América Latina, para fazer as transferências. O pagamento é semelhante ao feito em reais. A única diferença é que o valor é convertido, pelo próprio sistema, para a cotação da moeda digital.

Mas quem pensa que essa tecnologia é exclusividade dos jovens se engana. A loja virtual Terceira Idade, com produtos específicos para idosos, é uma das 100 que aceitam bitcoin no Brasil. “A moeda é vantajosa tanto para os clientes, quanto para os lojistas. As transações são rápidas e sem taxas”, justifica o proprietário da loja, Edilson Osório.

Além disso, o PayPal, que gerencia sistema de pagamento eletrônico, também começará a aceitar a moeda. A integração foi concluída para ferramenta chamada “PayPal Payment Hub”, uma alternativa voltada para vender apenas de bens digitais. “Nós acreditamos que o bitcoin oferece oportunidades únicas tanto quanto os negócios fazem experimentações”, afirmou Scott Ellison, diretor de estratégia do PayPal.


Cuidados devem ser tomados para segurança

Mesmo que a moeda tenha se tornado uma forte aposta da internet, quem pretende investir em bitcoin precisa tomar alguns cuidados. O primeiro deles, explica Safiri Félix, diretor-executivo da Coinverse, é não oferecer a senha da carteira virtual para outras pessoas.

“O usuário deve cuidar das moedas da mesma forma que faz com a conta bancária”, orienta.
Além disso, é muito importante, ainda de acordo com o especialista, pesquisar antes de apostar em uma corretora. “Veja recomendações na internet e não compre bitcoin se existir muitas reclamações”, aconselha.

Já o advogado Mauro Martins, da empresa especializada em direito tecnológico Pinhão e Koiffman, alerta para as consequências tributárias. “Ainda não temos uma lei que determine se os bitcoins serão declarados ou não, mas pode ser que aconteça”, explica.

De acordo com o advogado, o modelo aplicado deve ser inspirado no dos Estados Unidos. “No país, as moedas são declaradas como propriedades, de acordo com a legislação.”


Saiba como comprar e investir em corretoras ou de outros usuários

Quem deseja comprar bitcoins pode optar por corretoras (exchange) ou fazer a transação com outro consumidor.

Para comprar de uma corretora, basta fazer um cadastro. A maioria aceita transferências bancárias ou cartões de crédito.

Se quiser obter as moedas de outro usuário, é ainda mais simples. Basta entrar em contato com a pessoa e negociar de carteira para carteira.

Assim que o crédito for confirmado, o usuário poderá colocar ordens de compra e venda no sistema da exchange, parecida com as transações do mercado financeiro. É nesse momento que a compra do bitcoin acontece.

Após a compra, as moedas virtuais ficam depositadas numa espécie de carteira virtual na própria corretora, mas o usuário também pode transferir o valor para uma carteira digital do próprio computador ou até mesmo uma carteira “analógica”, que só existe no papel, por questão de segurança para o consumidor.

Para investir é preciso acompanhar as oscilações e comprar quando o valor estiver baixo. O usuário tem lucro quando vende, posteriomente, por um preço mais alto.


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