Por bferreira

Rio - O reajuste nos preços da gasolina e do diesel será, em média, de 6% em novembro. Essa é a previsão de analistas do setor e de donos de postos de combustíveis. A reivindicação já existe há algum tempo, mas a Petrobras informou ontem que ainda não há decisão sobre o aumento. Porém, o assunto já está na pauta da reunião do Conselho de Administração da companhia, que acontece nesta sexta-feira.

Reajuste deve ser anunciado no meio do mês de novembro ou fim de dezembro, para o governo não ultrapassar o teto da meta da inflaçãoDivulgação

A declaração da estatal consta de comunicado ao mercado, em resposta a informações sobre a intenção da estatal de anunciar aumento dos preços dos combustíveis. De acordo com o comunicado, o tema reajuste de gasolina e diesel é frequentemente discutido pela diretoria-executiva e pelo Conselho de Administração. O aumento, no entanto, deve ser menor do que o reivindicado pela estatal de 10%.

Um dos donos de postos, que preferiu não se identificar, disse que a alta será a que for repassada pelas distribuidoras. “Aumentar mais que o reajuste é fazer o consumidor deixar seu posto e ir para o da próxima esquina”, afirma.

Para Mauro Rochlin, economista e professor da FGV, o aumento é uma decisão política e não técnica. E pensando na estatal, a correção pode sair na reunião desta sexta. “O preço da gasolina é controlado pelo governo. Ele não vai olhar para o impacto inflacionário e sim como está a situação da Petrobras”, acredita o Rochlin.

“Como é notícia ruim para o consumidor, já era esperado ser anunciada depois da eleições”, avalia Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral. “Acredito que (o reajuste) seja jogado para o fim do próximo mês, com chance de ser nos últimos dias de 2014, para não ultrapassar a meta da inflação (6,5%)”.

A alta da gasolina e do diesel vai ser anunciada pelo governo para aliviar o mau humor do mercado financeiro. As cotações das ações da companhia têm ficado nos últimos dias próximos aos menores níveis registrados nos pregões no ano.

Além disso, a defasagem dos preços dos combustíveis cobrados no mercado interno, em relação aos praticados lá fora, que chegou a 20% em alguns períodos no ano, praticamente não existe desde o início deste mês.

“A defasagem dos preços da gasolina há três meses deixou o petróleo a US$ 100, agora está em US$ 80”, comentou Mauro Osório, professor de economia da UFRJ. “O valor do barril do petróleo nacional abaixou no mercado internacional, o que pesa a favor da Petrobras. Com o reajuste previsto, o governo vai poder respirar um pouco”, explicou Gilberto Braga.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou este mês que a gasolina iria subir. A correção segue a tradição de conceder ao menos um reajuste por ano, mesmo que a queda nos preços internacionais do petróleo tenha zerado as perdas com a importação de combustível.

“O preço da gasolina está mais alto, então a Petrobras está ganhando com isso. Mesmo assim, isso não significa que não haverá aumento para este ano, isso é uma decisão da empresa”, afirmou Mantega.

Reforço para reverter ‘pessimismo’

A Petrobras começou o reforço de agendas positivas para reverter o que chama de “pessimismo” que se abateu na própria companhia e no mercado. Na manhã seguinte ao resultado das eleições, a estatal divulgou dois comunicados positivos aos investidores, mas, ainda assim, as ações se mantiveram em queda durante todo o dia.

Antes da abertura das operações financeiras na BM&FBovespa, foi anunciada a descoberta de petróleo na perfuração do primeiro poço do super campo de Libra, pré-sal da Bacia de Santos, que já estava registrada desde a última sexta-feira na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).

As ações da Petrobras desabaram perto de 12% no primeiro dia de negócios após a reeleição de Dilma Rousseff. Os operadores reduziram o pessimismo com a expectativa de discurso conciliatório da presidenta Dilma para a economia.

A produção no pré-sal foi um trunfo usado na campanha de reeleição petista, que promete direcionar R$1,3 trilhão do pré-sal para a Educação nos próximos 35 anos.

Em seguida, a Petrobras comunicou a contratação de duas consultorias para investigar casos de corrupção na empresa, outro tema muito debatido nos últimos meses. Mas nada conteve a queda.

A percepção é que falta anunciar a adoção de uma política clara de variação dos preços, que torne os prazos e porcentuais dos reajustes previsíveis, diz Walter De Vitto, da consultoria Tendências.
A avaliação é que, reeleita, Dilma tende a prosseguir com a política de contenção dos preços dos combustíveis, o que impossibilitaria que a companhia aproveite do mercado.

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