Por adriano.araujo

Rio - O inspetor de qualidade industrial Marcelo Duães de Sousa, de 37 anos, sofre há seis anos com uma inflamação em seus dois ombros devido a uma lesão por esforço repetitivo, mais conhecida como LER. Funcionário de uma fabricante multinacional de pneus, ele está encostado pelo INSS e tem a esperança de voltar à ativa em poucos meses exercendo um novo ofício: o de técnico em logística, após passar pelo Programa de Reabilitação da Previdência Social, que completa 70 anos hoje.

Marcelo é um dos 900 segurados em processo de reabilitação pela Gerência Centro do INSS. Após 11 meses de curso técnico em Logística no Senac RJ da unidade Campo Grande, ele agora tem a esperança de ser reintegrado na empresa nesta nova função.

“Já passei por três cirurgias. Duas na clavícula direita e uma na esquerda. Não tenho mais como pegar peso e fazer esforço repetitivo como fazia em minha antiga função. Espero que a fábrica me aceite novamente”, afirma Sousa.

O Programa de Reabilitação do INSS completa hoje 70 anos. Atualmente são 900 segurados em processo de treinamentoDivulgação

Eduardo Branco, responsável técnico pela Reabilitação Profissional da Gerência Centro do INSS ressalta que o programa dá toda a assistência ao segurado. “Pagamos curso, passagem para deslocamento até as aulas, material didático e até meia diária se o local for fora de Região Metropolitana do Rio e a pessoa necessitar pernoitar”, explica.

RESGATE DA CIDADANIA

Segundo Flávio Souza, gerente-executivo do INSS da Gerência Centro, não adianta tentar readaptar o segurado sem dar condições para ele voltar ao mercado de trabalho. “Preparamos para ele voltar ao emprego em outra função ou, não havendo outra atividade nesta empresa, damos todo o suporte para a pessoa arrumar trabalho com carteira assinada em outro lugar”, explica Sousa. “Quem retoma o trabalho resgata a cidadania, a autoestima”, acrescenta o gerente-executivo do INSS, informando ainda que os curso são frutos de parcerias com o Senac e o Pronatec.

Segundo Eduardo Branco, a gerência recebe em média cem segurados por mês para reabilitação. “Desse total, cerca de 60 deles são reabilitados”, informa o responsável pelo setor.

A Gerência Centro é parceira da Superintendência Regional do Trabalho do Estado do Rio (SRTE/RJ) no evento Rio Mais Inclusivo, que no dia 17 vai oferecer 1.200 vagas de emprego para pessoas com deficiência e reabilitados do INSS. A feira vai ocorrer no Centro Politécnico do Senac RJ, no bairro do Riachuelo. Na ocasião, a instituição também estará com 200 vagas gratuitas para cursos de qualificação.

Nova função para sair de sete anos de inatividade

O auxiliar de cozinha Celso Rodrigues, 47, é outro segurado do INSS que tenta voltar a trabalhar. Portador de hanseníase, ele fez curso de ascensorista no Senac RJ para sair de uma inatividade que já dura sete anos.

“Não tenho mais como exercer a função de auxiliar de cozinha, já que não posso pegar peso devido a dores que ainda sinto nos braços. Como não sei se vou conseguir me adaptar em outra função na firma de alimentação de comida expressa em que ainda tenho vinculo empregatício, fui orientado a tentar uma outra área”, conta o segurado que esteve na Gerência Centro do INSS na sexta-feira.

A médica-perita Ana Cristina Pannain, que atendeu Celso, informou que a função de ascensorista pode ser alternativa. “É um trabalho muito mais leve e que não exige esforço manual para não agravar o quadro dele. Caso não dê para readaptá-lo na empresa atual, ele já tem novo ofício”, explica.

Celso Rodrigues foi atendido pela médica-perita Ana Cristina. Ele está apto a trabalhar como ascensorista após fazer curso no SenacHenrique Novaes / Agência O Dia

?Mesma empresa, mas em nova área

?O inspetor de qualidade industrial Marcelo Duães de Sousa está ansioso para voltar a trabalhar na nova formação de técnico de logística. “Não aguento mais ficar parado. Apesar de receber todo o apoio do INSS, quero voltar a trabalhar. Quero retornar à empresa atual, mas para ser aproveitado nesta nova função que me capacitei”, informa o segurado.

Gerente-executivo da Gerência Centro, Flávio Souza ressalta que a legislação não garante o emprego após o curso. “Se a empresa tiver apenas aquela atividade na qual o segurado está incapacitado ele terá que arrumar novo emprego. Damos todo a suporte para ele conseguir, mas não dá para garantir que ele sairá do curso empregado”, relata Flávio Souza.

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