Por bferreira

São Paulo - O novo desafio que o sistema financeiro tem pela frente é ampliar a formação de poupança no país. A opinião é de Murilo Portugal, presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Em sua apresentação no encerramento do VI Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, na quarta-feira, Portugal lembrou que a taxa de poupança no país é de 13,5% do Produto Interno Bruto (PIB) — muito baixo mesmo considerando países semelhantes ao Brasil, como Chile, México e Colômbia, que têm 20%.

Apesar da popularização de canais eletrônicos e expansão de agências%2C muitos brasileiros ainda não poupam. É o caso da empresária Laura LeiteMárcio Mercante / Agência O Dia

“O fomento à poupança promove a cidadania, pois capacita à autonomia e reduz a dependência do Estado. Quanto mais inclusão, mais preocupação devemos ter com educação para poupar”, afirma Manoel Felix Cintra Neto, presidente da Associação Brasileira de Bancos (ABBC). “Além de baixo, o volume ainda é muito concentrado em renda fixa e no curto prazo — 61% está em títulos públicos com liquidez diária”, acrescenta.

O executivo afirma que os fundos de previdência privada — que também são uma espécie de poupança — têm crescido e hoje já estão com ativos totais ao redor de R$1,1 trilhão, equivalente a 22% PIB — mas no Chile, é de 60%.

“Agora, temos que usar o acesso ampliado ao sistema financeiro para estimular o hábito de poupar. Hoje só três em cada dez brasileiros fazem poupança — e 80% está em cadernetas”, diz.

Segundo Murilo Portugal, quem poupa o faz para reduzir a volatilidade da renda, mas não pensando no futuro. “Inclusão financeira faz parte da agenda do país para corrigir as desigualdades que ainda existem, em relação à educação, saúde transferência de renda”, diz.

Na sua opinião, o país conquistou avanços na inclusão financeira, e acelerou a oferta de crédito e o acesso a meios de pagamento para a população na última década.

“A taxa de bancarização está em 56%. O crédito cresceu mais do que a economia, passando de 26% a 56% do PIB, e o volume de transações financeiras mais do que dobrou, atingindo 56 bilhões em 2013, ante 24 bilhões em 2009. As contas correntes ativas passam de 100 milhões”, revela.

Além do mais, houve popularização de canais eletrônicos, além da expansão de agências. Foram criados produtos como consignado e contas simplificadas que são hoje mais de oito milhões no Brasil.

Mesmo assim, muitos brasileiros ainda não conseguem poupar. É o caso da empresária Laura Leite, 37 anos. Mãe de dois filhos, ela conta que guarda o que pode. “Está difícil economizar, a alimentação está cara, fora a escola das crianças”, afirma.

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