Por bferreira

São Paulo - Com medo de golpes da concorrência, da falta de pagamento e de ficarem com os estoques lotados, as lojas virtuais estão mais cuidadosas com os pagamentos em boleto eletrônicos feitos na Black Friday, que acontece dia 28 deste mês. Em parte, isso acontece porque, a cada cem boletos emitidos por consumidores no comércio eletrônico, apenas metade é pago. Os dados são da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm).

As vendas online na Black Friday vão ocorrer no próximo dia 28 Reprodução

“As lojas costumam trabalhar com margem de ‘abandono de boleto’. Mas, como na Black Friday as compras por impulso aumentam, pode ser que essa média cresça no dia da ação”, diz Maurício Salvador, presidente da associação.

Segundo Luiz Antonio Sacco, diretor-geral da SafetyPay, plataforma de pagamento digital, outro problema é a demora na confirmação da quitação do boleto. “A confirmação ocorre dias depois. Sem saber se o consumidor vai ou não pagar, o empreendedor acaba segurando o estoque”, explica. Se o boleto não for pago, a empresa fica com aquele estoque parado.

“O que as lojas fazem são ações de recuperação de vendas. Elas colocam atendentes para ligar para o consumidor que não pagou o boleto para tentar convencê-lo. Geralmente, a estratégia consegue converter metade dos compradores”, diz Salvador. Os produtos que ficam parados no estoque costumam ser vendidos nos saldões pós-Black Friday.

Tom Canabarro, cofundador da Konduto, especializada em análise de fraude e comportamento de compra na internet, diz que o problema pode ser mais profundo. Alguns concorrentes se aproveitam para aplicar golpes.

“Já vimos casos em que uma loja compra diversos produtos da concorrente na opção de pagamento via boleto. A empresa segura o estoque, fica sem vender, e depois nenhum boleto é pago”, diz.

Sacco, da SafetyPay, afirma que muitas lojas devem optar por não usar o pagamento via boleto na Black Friday. “Se você fica dias com o estoque parado, fica com dinheiro parado. Quanto mais produtos estocados, mais espaço precisa ter”, explica.

Salvador acha difícil que o comércio eletrônico abra mão de boletos. “Tem liquidez maior: demora a ser compensado mas entra na conta da loja rapidamente. Além disso, 15% das operações são feitas dessa maneira”, afirma.

Reportagem de Bárbara Libório

Você pode gostar