Por bferreira

Rio - As festas de fim de ano estão bem próximas e controlar os gastos para não entrar em 2015 endividado é uma das preocupações dos consumidores. Na batalha para comprar os presentes de toda a família e a ceia de Natal sem estourar o orçamento, o cartão de crédito pode se tornar um bom aliado, se for usado com bastante cautela.

A administradora Rejane Marins%2C 50 anos%2C com a filha Beatriz%2C 12 anos. A consumidora se prepara para o Natal e compra os produtos típicos da época com cartão de créditoCarlo Wrede / Agência O Dia

Como o meio de pagamento tem um prazo de, pelo menos, 30 dias para quitação da dívida, especialistas recomendam o uso do plástico como uma forma de planejamento financeiro. Entretanto, é preciso ter cuidados.

A primeira orientação do economista Eduardo Bassin é ir às compras sabendo o que precisa. A prática evita que o consumidor pague por produtos que não vai usar depois.

“Também é importante estipular um valor. Por exemplo, se vai comprar presente para o sobrinho, quanto pensa em gastar? Um ponto especial é estabelecer metas”, ensina.

Quem pensa que parcelar as compras é sinônimo de inadimplência vai se surpreender com a segunda recomendação. Bassin explica que a forma de pagamento pode ser uma ajuda ao orçamento mensal quando o consumidor não dispõe do valor total. Mas ele alerta:

“É preciso tomar cuidado com os juros e que não sejam feitos vários parcelamentos pequenos que, quando somados, vão se transformar em um valor incompatível com o limite do orçamento.”

É assim que a administradora Rejane Marins, 50 anos, vai às compras de Natal. Ela conta que vai parcelar alguns produtos com valores mais altos e pagar à vista outros itens. “Mesmo usando o cartão de crédito, eu controlo a conta. Escolho bem, pesquiso preços e só assim levo para casa”, relata a moradora de Santa Teresa.

Educador financeiro da BR Experts, Adenias Gonçalves destaca outro benefício do cartão de crédito. De acordo com ele, se usado com consciência, o consumidor consegue usufruir de vantagens como os clubes de benefícios. “O cliente acumula pontos que podem ser trocados por passagens aéreas ou produtos diversos”, disse.

Ele conclui que, se tomadas todas as cautelas, o cartão de crédito é ferramenta útil para todas as compras. Mas lembra: “A educação financeira é fundamental em qualquer mês do ano.”

Fatos inesperados provocam dívidas

Fatos inesperados, falta de planejamento e empréstimos para outra pessoa são os principais motivos citados por consumidores para começo do endividamento excessivo com o cartão de crédito. É o que apontam resultados da pesquisa pelo Banco Central (BC).

Entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doença própria ou de alguém da família, morte do responsável pela renda da casa, gravidez não programada e separação conjugal.

Com relação à falta de planejamento, os consumidores mencionaram as compras ou abertura de crediário por impulso. Eles disseram acreditar que as linhas de crédito são benéficas, se forem utilizadas de forma consciente.

De acordo com o BC, muitos entrevistados reconheceram ser os principais responsáveis pela situação de endividamento, mas consideram que as instituições financeiras também têm sua parcela de culpa.

Alguns entrevistados mencionaram que a oferta de crédito esconde “armadilhas”. Entre elas, excesso de linhas com oferta ostensiva e falta de informações claras sobre o extrato.

Falta educação financeira

Falta educação financeira no país. Essa é a opinião do educador Adenias Gonçalves. Para ele, as escolas investem pouco na disciplina. “Em muitas instituições sequer ensinam como poupar”, relata o especialista.
Para ele, a falta de instrução faz com que os consumidores usem grande parte do salário para pagar contas. “Estamos perdendo a cultura de fazer poupança. Isso é muito preocupante”, diz.

A informação de Gonçalves é comprovada pelo Indicador de Educação Financeira, elaborado pelo Serasa Experian. O levantamento mostra que 40% dos jovens, com idade entre 16 e 24 anos, admitem não manter a vida financeira sob controle.

Quanto maior é a idade, mais as pessoas dizem manter o controle dos gastos: 62%, entre 25 e 34 anos; 66%, entre 35 e 44 anos; 67%, entre 45 e 54 anos; e 75%, acima dos 55 anos.

“Os jovens precisam evitar agir por impulso e adquirir o hábito de controlar melhor a vida financeira”, diz o superintendente do órgão, Júlio Leandro.

FUJA DA DÍVIDA

ERROS FREQUENTES
O maior erro cometido pelos consumidores, de acordo com a Serasa Experian, é pagar o valor mínimo da fatura na hora que o orçamento aperta. Essa linha de crédito pode sair bem mais cara do que parece no início.

QUESTIONE-SE
Na hora de comprar, é importante se questionar sobre a compra, se é realmente necessário fazê-la com o cartão. Além disso, é importante considerar no orçamento o valor das parcelas mês a mês.

EVITE PARCELAR
Em relação aos parcelamentos, o consumidor deve estar atento às compras que faz. Juntas, pequenas parcelas mensais podem comprometer o orçamento por meses.

QUANTIDADE
Os consumidores que têm salário fixo devem ter apenas um cartão. Já para quem possui ganhos esporádicos, o limite são três cartões com datas de vencimentos para vários períodos do mês.

NEGOCIAÇÃO
No caso dos consumidores que já possuem dívida em atraso com o banco, é necessário ter cuidado ao negociar a dívida. O principal é estar atento ao valor realmente devido, que é constituído pela dívida acrescida de multa, juros e correção monetária.

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