Por nicolas.satriano

Rio - O mundo da moda, que adora um neologismo, decretou que o estilo em alta entre os homens atualmente é o ‘lumbersexual’. A palavra, em inglês, designa um jeitão de lenhador: barba frondosa, camisa xadrez e porte másculo.

Apesar do nome surgido agora, a presença dos barbados não é novidade no Rio. Eles são tão numerosos que o mercado já começou a capitalizar em cima da tendência. A faceta visível dessa movimentação pode ser vista na abertura de várias barbearias no último ano.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento do Rio, no estado há 20.259 empreendimentos incluídos na atividade de cabeleireiro. Mas não é possível diferenciar se são salões femininos ou masculinos. 

O publicitário Wagner Noschese pegou carona na tendência e inaugurou, há um ano, o Clube do Bolinha. O imóvel de esquina em Botafogo tem a decoração retrô, inspirada em antigas barbearias, com cadeiras restauradas e aparelhos massageadores originais da década de 1970. E não há a histeria dos salões femininos. “É a salvação do marido que tinha que ir ao salão da esposa”, diz.

Mercado carioca aquece com nova tendência da modaArte O Dia

O ambiente é silencioso (a maioria dos clientes dorme durante o atendimento), e os frequentadores são recepcionados com tulipa de chope ou café — e revistas masculinas. “A cultura de um bom barbear está voltando, tanto entre os que têm a barba grande quanto os que querem tirar tudo. Por mais que a tecnologia evolua, nenhuma barba fica tão bem feita quanto a feita com o navalhete”, assegura.

O aumento da demanda também é visto na busca por capacitação. No Instituto Embelleze, que treina mão de obra no setor de estética, o curso de barbeiro é o quarto mais procurado, com mais de 10 mil alunos no país.

Morador do morro da Babilônia, o técnico em eletrônica Luiz Eduardo Mendes começou as aulas em julho e se prepara para abrir seu próprio negócio. Ele fez também o curso de cabeleireiro, mas afirmou que o corte masculino é mais desafiador. “A mulher geralmente chega ao salão e quer cortar só as pontas. O homem permite mudar mais, tem vários estilos. O rockabilly é ótimo de cortar”. 

Frequentador de barbearias a cada três semanas, o publicitário — e barbado — Samuel Tonin viu no próprio espelho outro nicho ligado a esse universo: a venda de produtos para o trato da barba. Ele se prepara para lançar a Sobrebarba, linha masculina de itens nacionais.

Tonin afirma que a maioria dos produtos é importada e custa caro. “Eu costumava importar, mas pagava em dólar e tinha 70% de impostos da importação. Era inviável”, diz ele, que já tem 26 mil seguidores na página da empresa e pretende começar a vender antes do Natal. A empreitada de Tonin encontra respaldo no crescimento do mercado masculino de beleza.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), nos últimos cinco anos o faturamento do setor dobrou, passando de U$S 2,284 bilhões em 2008 para US$ 4,572 bilhões em 2013. O público masculino brasileiro é o segundo que mais consome, atrás apenas dos americanos.

A vaidade masculina não está somente em cultivar os pelos. Do outro lado, há quem aposte na retirada deles. O empresário Ricardo Silva abriu uma franquia de depilação para homens na Barra. Ele afirma que o preconceito está diminuindo. O difícil é vencer outra barreira. “O medo, na verdade, é da dor”, brinca o empresário.

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