Por bferreira

Rio - Com o aumento da expectativa de vida do brasileiro divulgada ontem pelo IBGE, para 74,9 anos em 2013, o segurado do INSS que optar por se aposentar por tempo de contribuição terá que trabalhar, em média, 58 dias a mais para não ter perdas na aposentadoria. A sobrevida da população aumentou três meses e 25 dias em relação a 2012. Os dados valem para cálculo de benefícios solicitados ao INSS desde ontem, em comparação com pedidos feitos até 28 de novembro.

O gerente de loja Welington Ramos não gostou das mudanças%2C mas não vai adiar a aposentadoriaPaulo Araújo / Agência O Dia

As Tábuas de Mortalidade do IBGE são usadas pelo Ministério da Previdência Social como parâmetro para determinar o fator previdenciário, que é um redutor dos valores dos benefícios. Pelos novos cálculos, as aposentadorias pedidas a partir deste mês terão redução média de 0,65% em comparação a novembro, apontou Newton Conde, atuário especializado em Previdência, diretor da Conde Consultoria e professor do Departamento de Economia da USP.

Ele explicou que para receber o benefício no mesmo patamar da semana passada, será necessário contribuir até fevereiro de 2015. E citou ainda que a maior redução ficou em torno de 1,30%, na faixa de 69 anos de idade.
Clique na imagem acima para ver o infográfico completoReprodução Internet

Já o INSS fez dois recortes usando como base os dados da tábua. Ao considerar a mesma idade e tempo de contribuição, segurado com 55 anos de idade e 35 de pagamentos, terá que recolher para o INSS por mais 79 dias corridos para manter o mesmo valor de benefício. Já um segurado com 60 anos de idade e 35 de contribuição deve trabalhar por mais 94 dias para não ter perdas.

Segundo Newton Conde, nas idades de 40 a 60 anos, o aumento da expectativa de vida ficou em torno de 71 dias. Já acima dos 60, em 35 dias. O atuário explica que o fator previdenciário vem pesando principalmente para os segurados que decidem se aposentar por tempo de contribuição e não por idade. O que tem forçado permanência maior do funcionário no mercado.

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Conde diz ainda que parte dos segurados pode achar que a perda mensal não será expressiva, citando exemplo de R$ 24,11, de um homem com 55 anos de idade e 35 de contribuição, com renda média de R$ 4.390,24. Contudo, aponta que ao somar todos os anos de aposentadoria, a perda acumulada será muito maior para o trabalhador.
Exemplo de perdasArte%3A O Dia

“O peso varia conforme a remuneração. Se o benefício for baixo, a tendência é que cada real faça diferença para a vida do segurado”, diz.

O gerente de loja Welington Ramos, 60 anos, não gostou das mudanças e afirmou que os segurados sempre ficam perdidos com as alterações. Apesar disso ele afirmou que não vai atrasar o pedido de aposentadoria, mesmo com a possibilidade de ter perdas.
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Perdas acumuladas
Desde que foi instituído em 1999, o fator previdenciário provocou perdas remuneratórias de 16,7% para homens e de 15% para as mulheres, considerando respectivamente quem tem 55 anos de idade e 35 de contribuição e 50 anos de idade e 30 de contribuição. Se para os homens, em 1999, o valor da aposentadoria era de R$840,88, atualmente seria de R$ 700,18. Para mulheres, de R$ 688,99 para R$ 585,65.
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Newton Conde lembrou a mudança na Tábua de Mortalidade de 2002, que provocou forte variação no fator, pois o IBGE corrigiu algumas estimativas. Nos ajustes de 2010 e 2011 o impacto não teve a mesma representação.
O advogado Theodoro Vicente Agostinho, coordenador do Instituto Brasileiro de Estudos Previdenciários e mestre em Direito Previdenciário pela PUC de São Paulo, explica que para as mulheres a incidência do fator previdenciário costuma ser muito mais agressivo. Segundo ele, “tendo em vista que elas possuem uma expectativa de sobrevida maior do que a dos homens, logo, se pedem a aposentadoria precocemente, as perdas financeiras são significativas”. A atualização da tabela do fator é feita sempre no início de dezembro e é válida até novembro do próximo ano.
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