Por bferreira
Rio - O volume de crédito consignado para o funcionalismo público federal no mês de outubro mostra que a ampliação do prazo de financiamento de 60 para 96 meses teve reflexos instantâneos no segmento. De acordo com os dados mais recentes do Banco Central, a concessão de empréstimo com desconto em folha cresceu 45,6% entre setembro e outubro para pessoas físicas em geral. Entre os servidores da União, a alta foi de 46,8%.
Segundo o Banco do Brasil, o valor acumulado em outubro e novembro de 2014 foi 233% superior ao verificado no mesmo período de 2013. No mês de novembro, o volume contratado de crédito consignado pelos servidores do Executivo Federal cresceu substancialmente na Caixa Econômica Federal. De acordo com o banco, foi contratado mais que o triplo do valor médio dos meses anteriores.
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Em outubro de 2014, as concessões para trabalhadores do setor público totalizaram R$ 10,3 bilhões. Para o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, o crescimento se deve a ampliação do prazo para pagamento dos contratos consignados.
“Houve um volume de renegociações, com amortização dos contratos antigos e abertura de novas operações com valor maior. Sem dúvida as renovações foram influenciadas pela ampliação dos prazos para os servidores”, explicou Maciel.
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De acordo com ele, a inadimplência é baixa nessa modalidade de operação e, nos últimos anos, a modalidade se consolidou. “Houve um processo de aprendizado por parte dos tomadores e de quem concede o empréstimo, em termos de garantia e gestão de finanças pessoais. Em termos de educação financeira, tivemos um avanço importante”, ponderou o chefe do Departamento Econômico do Banco Central.
Professor de Finanças do Ibmec-RJ e da Fundação Dom Cabral, Gilberto Braga aponta que a renegociação de dívida é uma forma traiçoeira de se lidar com o empréstimo. Já que o servidor até poderá pagar um valor menor na parcela, mas aumentará o valor total negociado.
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“Infelizmente, as pessoas tendem a se preocupar com o momento e o peso do pagamento das parcelas no orçamento. O ideal é não mexer no contrato e equilibrar outros tipos de despesas. Mas as pessoas caem na tentação e renegociam seus contratos”, explicou Braga. Segundo ele, uma característica do funcionalismo é fazer dívidas de olho em recebimentos futuros, como indenizações e atrasados.