Por bferreira

Rio - Aposentados, pensionistas e segurados do INSS que ganham acima do salário mínimo (R$ 788) vão amargar mais um ano sem aumento real. E para piorar, a correção que sairá este mês será menor do que a inflação oficial. Os benefícios de quase 10 milhões de pessoas no país terão reajuste de 6,23%, de acordo com o acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano passado. O indicador foi divulgado ontem pelo IBGE. Uma aposentadoria de R$1,5 mil, por exemplo, terá um adicional de R$93,45, passando a R$1.593,45.

Amaro Manoel da Silva diz que ainda precisa trabalhar para suprir suas necessidadesAlexandre Brum / Agência O Dia

O teto previdenciário subirá dos atuais R$4.390,24 para R$4.663,75 a partir deste mês. Já os mais de 22 milhões de segurados vinculados ao piso terão reajuste de 8,8%, passando de R$ 724 para R$ 788.

O INPC, que serve de parâmetro para reajustar os benefícios superiores ao mínimo ficou 0,18 ponto percentual abaixo do IPCA, segundo o IBGE. O índice fechou o mesmo período em 6,41%, dentro do teto da meta inflacionária do governo de 6,5%.

O Ministério da Previdência Social informou ontem que o aumento dos aposentados que recebem acima do mínimo será oficializado no começo da semana que vem, quando sairá uma portaria interministerial (Fazenda e Previdência) no Diário Oficial da União (DOU) para estabelecer a correção. Em janeiro do ano passado, as aposentadorias foram reajustadas em 5,56%.
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A folha de pagamento dos benefícios do INSS fecha entre os dias 14 e 15 de cada mês. Tanto o aumento do salário mínimo (8,8%), quanto os 6,23% para quem ganha mais que o piso serão pagos na folha de janeiro. Quem recebe o mínimo começa a ter os depósitos de seus benefícios reajustados a partir do dia 26.
Os primeiros a receber o aumento são aqueles segurados que possuem final de benefício 1 e ganham R$ 788. A folha dos aposentados que têm benefícios acima do mínimo começa a ser creditada em 2 de fevereiro.
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O anúncio do acumulado do INPC provocou irritação em representantes dos aposentados. O presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), Warley Martins, reclamou de mais um ano de achatamento salarial. Segundo ele, um levantamento da entidade revela que de 550 mil a 600 mil aposentados em todo o país vão passar a receber o piso previdenciário de um salário mínimo, devido à falta de aumento real.
“Cada vez mais aposentados passam a receber um salário mínimo devido à política de correção do governo que não nos garante aumento real. Muitos contribuíram a vida toda sobre patamares mais elevados de salários e hoje são empurrados para o piso”, afirma.
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De acordo com Martins, desde que o governo passou a usar o INPC como base para corrigir as aposentadorias maiores, as perdas já superaram 80% nos últimos 23 anos.
Segurados continuam a trabalhar
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Com o achatamento das aposentadorias do INSS, muitos segurados são obrigados a continuar trabalhando. E fazem coro para reclamar do pequeno aumento. É o caso de Amaro Manoel da Silva, 61 anos, que se aposentou ano passado mas manteve a função de auxiliar administrativo no restaurante Nova Capela, na Lapa.
“Esse percentual (6,23%) é um absurdo. As aposentadorias não poderiam aumentar menos do que as passagens de ônibus, a alimentação. Acaba que o aposentado tem que trabalhar até não aguentar mais para compensar” afirma.
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Antônio Cavalcanti, 70, afirma que o benefício está defasado, mas diz que já teve épocas piores. “É claro que não estamos em situação confortável, mas damos um jeito. Faço ‘bicos’ para compensar”, diz.
IPCA fecha em 6,41%
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Preços das passagens aéreas e das carnes e o valor das refeições fora de casa foram os grandes vilões da inflação oficial em 2014, medida pelo IPCA. O indicador fechou com alta acumulada de 6,41%. O percentual ficou abaixo do teto da meta do governo (6,5%). Em dezembro, o índice subiu 0,78%, ante variação de 0,51% registrada em novembro. Em dezembro de 2013, ficou em 0,92%.
Segundo o IBGE, a elevação das passagens aéreas atingiu 42,53% e levou o grupo transportes para 1,38%, o maior resultado no mês. Subiram: etanol (1,31%), automóvel novo (0,69%), ônibus intermunicipal (0,64%) e gasolina (0,61%) também destaques no grupo Transportes. Na gasolina, a variação de 0,61% é reflexo, nas bombas, de parte do reajuste de 3% ocorrido nas refinarias desde 7 de novembro. No caso do etanol, o aumento de 1,31% já manifesta o início da entressafra da cana-de-açúcar.
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No grupo dos alimentos, a pressão veio da alta de preços de 3,73% das carnes e das refeições fora de casa (1,41%). O feijão com arroz também ficou mais caro, com o primeiro item chegando a subir 9,26%, em média, enquanto o arroz ficou mais caro em 1,81%.
O setor de vestuário registrou elevação de 0,85%, pressionado por roupas masculinas e femininas, com alta de 1,21%.
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