Por bianca.lobianco
Rio - Na estação em que o carioca se sente castigado pelas altas temperaturas, um gole d’água é sempre bem vindo. Mas se refrescar está cada dia mais caro no Rio, tanto dentro como fora de casa. A Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais registrou um aumento de 10% do valor do produto no ano passado. “Tivemos o encarecimento da energia elétrica e da embalagem, por causa da alta do dólar”, afirma Carlos Alberto Lancia, presidente da entidade.
Apesar disso, não houve freio no consumo, pelo contrário. O setor de água mineral cresceu 14% em 2014 e projeta expansão de 20% para este ano. Desde dezembro, os supermercados do Rio registram aumento de vendas entre 20% e 45%.

Segundo a Fundação Getulio Vargas, o preço da água e dos refrigerantes consumidos fora de casa, que são apurados em conjunto, subiu 12,36% no acumulado dos últimos 12 meses. O valor é praticamente o dobro da inflação medida pelo IPC no período, de 6,87%.

Malho de segunda a sexta-feira e sempre trago minha garrafinha. Uso durante o treino e ao final encho%2C para voltar tomando águao dia

O DIA fez um levantamento em 15 restaurantes associados da Abrasel e constatou que a variação é gritante. Para a garrafinha de água sem gás, foram encontrados preços entre R$ 3, no Bar do Mineiro, em Santa Teresa, e R$ 6,80, no restaurante Aspargos, do Centro. A maioria dos estabelecimentos pesquisados comercializa a versão “baby” da garrafa, com pouco mais de 300 mililitros. Fazendo a conta proporcionalmente à quantidade do líquido, o preço varia entre R$0,58 para 100 ml de água, até R$ 1,73, no Manekineko da Barra.

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Segundo Leonardo Braga, da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, seção Rio, dentro do preço estão embutidos custos como aluguel e mão de obra. Além disso, é comum as bebidas sofrerem reajustes para compensar a alta de outros insumos. “Se um restaurante a quilo aumentar o preço do prato, o cliente logo vai notar. Então, aumenta em outros setores, como a bebida e a sobremesa”, explica Leonardo.
Para driblar os preços altos, a recepcionista Jéssica Santana, 23 anos, leva sua própria garrafa de casa. Como ela malha de segunda a sexta-feira, aproveita o bebedouro da academia para reabastecer. “Além de beber água na academia, encho a garrafa e vou bebendo a água no trem. Se deixar para comprar lá, cobram R$ 2,50”, diz.
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O produto também está saindo caro para os moradores da Zona Oeste do Rio, que sofrem cortes frequentes no abastecimento no verão. Não bastasse a Cedae cobrar a maior tarifa da Região Sudeste, há quem tenha que contratar caminhões pipa para suprir as falhas da companhia. No bairro Tanque, em Jacarepaguá, moradores da Rua Maença já chamaram o serviço três vezes este ano.
O representante comercial Minervino Pinheiro, 58, diz que o custo mais que dobrou em dois anos. Síndico de um condomínio de dez casas na rua, ele conta que o caminhão com 10 mil litros custava R$ 300 há um ano e meio. Na semana passada, o condomínio pagou R$ 700 pelo mesmo serviço, alta de 133%. Alguns fornecedores chegaram a cobrar R$ 1.200. Para minimizar o problema, o condomínio adotou medidas como restringir o uso da piscina nos dias de semana. “Temos que chamar caminhões pipa, mas pergunta se a Cedae já nos ressarciu alguma vez? Nunca”, reclama.
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A companhia informa que “os abastecimentos em locais considerados ponta do sistema ficam sujeitos a flutuações quando ocorre redução da pressão na rede, como é usual neste período de verão”. A Cedae informou que investe na construção de reservatórios na região para resolver o problema em definitivo.