Por bferreira

Rio -A balada pela crise na Petrobras, a cidade de Itaboraí ganhará um novo centro de lazer na próxima quinta-feira. O Itaboraí Plaza Shopping terá 41 mil metros quadrados, dez lojas-âncora, dez salas de cinema e praça de alimentação. O empreendimento faz parte de um complexo que conta ainda com salas comerciais, que serão inauguradas na mesma data, e um hotel da bandeira Tulip Inn, que deve começar a receber hóspedes em abril.

Perspectiva do Itaboraí Plaza Shopping%3A empreendimento será inaugurado na próxima quinta-feira e levará cinema e 170 lojas para a cidade Reprodução

O shopping é um dos investimentos que surgiram no município na esteira da construção do Complexo Petroquímico da Petrobras (Comperj), quando a região era vista como uma espécie de “eldorado fluminense”. Idealizado em 2010, ficou pronto após cinco anos, antes da obra da estatal, que se arrasta desde 2006. A petroleira se encontra no centro de denúncias de corrupção apuradas pela Operação Lava Jato.

Apesar do apagão econômico da cidade, que sofre com o desemprego e com dúvidas sobre o futuro da refinaria, os investidores acreditam que a demanda de consumo persiste na região, devido à carência de ofertas no setor de varejo e lazer. Segundo estudos feitos pelo o Ibope, o shopping atinge área de influência de 500 mil pessoas, que abrange tanto Itaboraí quanto municípios vizinhos.

“Entendemos que a situação relacionada ao Comperj não terá impactos no mercado consumidor. Há uma demanda latente para empreendimentos de grande porte em uma região com uma área de influência relevante economicamente”, afirma Paulo Soares, diretor de operações das lojas Renner.

A rede varejista é uma das âncoras do local, juntamente com marcas como C&A, Riachuelo, Impecável, Casa&Vídeo, Kalunga e Lojas Americanas.

O diretor de operações do shopping, Fred Youssef, estima uma visitação de 500 mil consumidores por mês, a exemplo de outros centros comerciais regionais do mesmo porte. O faturamento previsto para os primeiros 12 meses de operação é de R$ 20 milhões. Ele afirma que, no curto prazo, os atrasos no Comperj não produzirão efeitos sobre o shopping.

No entanto, os planos de expansão podem ser freados, a depender da evolução da obra. “Se o Comperj fosse uma realidade, a gente estaria preparado para atender a demanda rapidamente com expansões programadas, evitando a concorrência. Só que a expansão pode demorar mais a ocorrer”, avalia.

De acordo com Youssef, a taxa de ocupação das lojas atualmente é de cerca de 90%. “Comparando com o resto do mercado brasileiro, estamos bem”, afirma.

Centro é bem vindo para desenvolver a região

Para o subsecretário de Trabalho e Renda de Itaboraí, Leonardo Amando, o novo empreendimento é bem vindo na cidade e pode ser encarado como indutor de desenvolvimento na região.

“É uma inauguração que vem em boa hora. A cidade está com a moral baqueada por conta do revés no Comperj e essa é uma nova possibilidade”, afirma. Pelo mapeamento feito no Sine, a prefeitura identificou cerca de 800 vagas relacionadas ao shopping.

Segundo Amando, as novas chances amenizam as perdas das famílias provocadas com as demissões no Comperj, que chegam a cerca de 5 mil, na contagem de sindicatos locais. “No Sine, ficou nítida a realocação de pessoal. Você vê esposas e filhos de operários procurando vagas. Isso proporciona uma nova dinâmica de renda para as famílias, enquanto o chefe da família está desempregado”, diz.

Na estimativa de Frederico Youssef, o empreendimento tem potencial para gerar 1.500 empregos diretos e 2.500 indiretos. Além da inauguração do shopping, também está prevista a abertura de uma unidade do Detran no local, dentro de dois meses. No projeto do complexo, há a previsão de instalação de uma universidade e uma rede de ensino já está em negociação para começar a operar a partir de 2016.

Braskem escolhe Caxias

Itaboraí sofreu mais um abalo na semana passada, com a desistência da Braskem em instalar uma fábrica na cidade. A empresa petroquímica, que previa investimentos de US$ 4 bilhões no Comperj, vai focar seus planos de expansão no polo de Duque de Caxias. “Não é que ele (projeto do Comperj) não existe mais. Em algum lugar os estudos estão arquivados. Talvez num futuro faça sentido econômico, mas nosso empenho é mais para crescimento de capacidade em Duque de Caxias”, justificou Carlos Fadigas, presidente da Braskem.

A desistência foi mais um revés no projeto do Comperj. Idealizado como um polo petroquímico que geraria mais de 200 mil empregos, hoje ele se reduz a uma refinaria.

A obra está no centro do escândalo de corrupção investigado na Lava Jato, operação que investiga pagamento de propinas de empreiteiras a políticos e ao alto escalão da Petrobras. No início do ano, a então presidente da estatal, Graça Foster, anunciou que o projeto sofreria redução de investimentos.

Em 2006, Lula lançou a pedra inaugural da obra do Comperj. A confiança no projeto trouxe investimentos nos setores imobiliário e hoteleiro, que hoje sofrem com a falta de ocupação e a dúvida sobre quando (ou melhor, se) a obra ficará pronta. A previsão inicial era 2011. Questionada, a Petrobras não informou qual é o prazo. No site da empresa, consta que 80% das obras foram concluídas.

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