Por karilayn.areias
A coordenação entre as três esferas de poder possibilitou a atração de novas empresasArte O Dia

Rio - Da simbólica falência em 1988 a sede dos Jogos Olímpicos no próximo ano, o Rio retomou nestes 27 anos o prestígio econômico a partir da expansão da indústria de óleo e gás, recuperação da indústria naval e desenvolvimento do segmento de serviços, em especial, o turismo e o setor de audiovisual. “Houve uma falência do ponto de vista do pacto federativo, que levou ao desprestígio político aliado a outros fatores, como a favelização e o crescimento da violência urbana. Esse processo veio sendo revertido com a reaproximação com o núcleo do poder central, promovido tanto pelo estado quanto pelo município”, explica Líer Pires Ferreira, professor de Relações Internacionais do Ibmec Rio.

Segundo ele, a coordenação entre as três esferas de poder possibilitou a atração de novas empresas, culminando — como um coroamento — na promoção dos grandes eventos esportivos internacionais, a Copa do Mundo, no ano passado, e as Olimpíadas de 2016.

Porém, Ferreira alerta para a lógica perversa do desenvolvimento apenas pela ótica do mercado. “A gentrificação (enobrecimento) é a mais visível dela, como a exclusão de moradores de seus locais de origem pela via do mercado. Isso vem ocorrendo nas comunidades beneficiadas pelas UPPs e até mesmo na região do Porto, que vem recebendo uma série de obras de infraestrutura”, diz o professor, alertando que o econômico tem que ser acompanhado pelo social.

De acordo com o estudo Decisão Rio 2012-2014, produzido pelo Sistema Firjan, no período estavam previstos investimentos na ordem de R$ 16,8 bilhões na cidade. Destacam-se as obras impactantes do Porto Maravilha, implantação da Linha 4 do metrô e do Sistema BRT, expansão e modernização do Porto do Rio e obras de infraestrutura e desenvolvimento urbano, como o programa Morar Carioca.

Porém, para o professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças, da Fundação Getulio Vargas (FGV/EPGE), Antônio Carlos Porto Gonçalves, o petróleo segue como motor econômico, por conta das empresas e estaleiros aqui instalados.

Investimentos avançam por todos os segmentos

Diretor executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad afirma que o Município do Rio soube surfar a onda que divulgou a imagem tanto do país quando da cidade com os eventos internacionais. “O Rio foi o epicentro dessa visibilidade e se tornou um dos principais players na disputa por grandes projetos”, afirma.

Desde a criação da agência de promoção de investimentos da Prefeitura do Rio, em 2010, foram aprovados 58 projetos, gerando R$ 7 bilhões investidos. Os setores beneficiados foram os de energia (36%), de tecnologia (19%), de saúde (12%) e de hotelaria (10%).

“Acredito que teríamos dificuldades de promover a retomada dos investimentos na cidade, se não fosse o trabalho promovido pelo estado em Segurança Pública. Foi o ponto de inflexão para uma nova realidade na cidade”, aponta o executivo.

Haddad diz que estão sendo implantados 10 mil quilômetros de fibra óptica de alta velocidade para atender às demandas das olimpíadas, o que proporcionará maior atratividade de negócios em tecnologia. Nos últimos anos, a cidade atraiu alguns dos principais centros de pesquisa e desenvolvimento de multinacionais, como a GE e a L’Oréal, além da instalação de empresas de biotecnologia. O segmento de empreendedorismo digital ao lado do de audiovisual também despontam na capital.

O diretor da agência de fomento cita ainda a formalização das áreas pobres da cidade, possibilitando a promoção de negócios, principalmente no setor de serviços, como salão de beleza, gastronomia e turismo.

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