Por karilayn.areias
Diretora de marketing da Geneal%2C Luciana Palhares conta que a marca quer manter a tradição%2C mas tem planos de expandirBruno de Lima / Agência O Dia

Rio - Ser carioca é mais que apenas ter nascido no Rio, é um estilo de vida. Esse conceito permeia as marcas mais tradicionais da cidade e faz com que elas sejam objeto de desejo em outros estados e até mesmo no exterior. É a glamourização do cotidiano das garotas de Ipanema que faz com que a simples embalagem do Biscoito Globo, por exemplo, se torne grife.

O biscoito de polvilho, aliás, surgiu em São Paulo, em 1953, mas encontrou no Rio seu habitat natural. As vendas aqui começaram em 1954 na padaria Globo, dos irmãos Milton, Jaime e João Ponce, em Botafogo.

Mas o negócio começou a crescer após a revenda para outras padarias e para trabalhadores autônomos, que levaram o produto para as praias. Hoje, a embalagem é marca registrada da cidade e pode ser encontrada em camisetas, cangas e bolsas.

O cachorro quente Geneal também faz parte da memória carioca. Criado há mais de 50 anos, era vendido no Maracanã, na orla, no Circo Voador. Depois de ficar um tempo sumido, o produto reapareceu sob nova direção em 2000, presente em grandes eventos, como Rock in Rio. Hoje tem diversos pontos de venda, entre eles um quiosque na Praia de Copacabana.

Para a diretora de marketing, Luciana Palhares, a marca já virou patrimônio do Rio. “As pessoas não compram um cachorro quente, compram um Geneal”, diz.

Outro exemplo de marca popular que se tornou grife é a Farm, hoje com 60 lojas espalhadas pelo Brasil. A estilista Kátia Barros começou a vender suas roupas em 1997 na Babilônia Feira Hype e em 1999 abriu a primeira loja, em Copacabana. “Sempre tivemos a preocupação em retratar a menina carioca e isso é percebido nas cores, estampas e no jeito despretensioso das nossas roupas”, explica.

Fundador da Mr. Cat, criada em 1981, Ari Svartsnaider afirma que o ‘lifestyle’ carioca vai além do design dos produtos. “Eu acabei de nadar aqui em Ipanema”, disse ele, durante o evento de lançamento da coleção de inverno da marca, no mesmo bairro. “Acho que trabalhar satisfeito é essencial para manter a qualidade de vida. Não adianta andar sempre bem vestido e não se cuidar. E eu motivo meus funcionários a fazerem o mesmo”.

Segundo ele, a preocupação em unir bem estar e estilo é tipicamente carioca, e está presente nas peças. “O sapato que é só bonito não funciona. O conforto é tão importante quanto a forma”, avalia.

Produtos de beleza brasileiros fazem sucesso em Paris

Fundada em 1870 com sede na Rua Primeiro de Março, no Centro do Rio, a Granado levou em 2013 seus produtos para uma galeria em Paris, na França. Primeiro diretor-presidente da empresa após a venda por parte da família fundadora, o inglês Christopher Freeman conta que os produtos foram muito bem recebidos pelas parisienses. “Já temos alguns clientes na Grécia e na Suécia, queremos continuar abrindo lojas.

Hoje são 40 em todo o Brasil, mas elas representam apenas 25% do nosso faturamento. A maior parte ainda vem da distribuição em farmácias”, conta o executivo. Segundo ele, uma nova fábrica está sendo construída em Japeri, na Baixada Fluminense, com capacidade para aumentar a produção.

“Lançamos este mês a colônia Carioca, em homenagem ao aniversário do Rio, mas o produto mais tradicional é o polvilho antisséptico, registrado em 1903, que ainda é muito vendido. Todo carioca conhece a Granado”, orgulha-se ele.

Inovação é fundamental para aprimorar o produto e crescer

Diretora de marketing da Geneal, Luciana Palhares conta que a marca começou a apostar em outros segmentos para conquistar um espaço maior no mercado. “Já trabalhamos com franquias e também fazemos encomendas para festas. Essa parte de eventos foi a que tomou a maior proporção. Fazemos desde casamentos e festas de 15 anos até grandes festivais, como Rock in Rio, Fifa Fun Fest. Agora no aniversário do Rio muitas empresas contrataram a gente”, explica.

Segundo ela, parte do plano de expansão inclui o investimento no mercado gourmet. “Vamos abrir um carretino, que é um pouco menor que um quiosque, no Fashion Mall, no dia no aniversário da cidade. Vamos vender o cachorro quente tradicional e também versões gourmet, com pão integral, salsicha de peru, além de outros produtos, como brownie, brigadeiro, croissant”, conta a executiva.

Já Kátia Barros, fundadora da Farm, afirma que a rede teve um grande crescimento no ano passado, principalmente na loja virtual, que corresponde hoje à maior plataforma de vendas das roupas da marca.
“O mercado está sempre se renovando, novas tendências e novos estilistas surgem a todo momento e a gente tenta sempre se manter atualizado e entender o desejo das nossas clientes”, diz a empresária.

Cidade Maravilhosa ganha homenagens em março

Neste verão, a Farm presenteou o Rio com novos guarda-sóis com as estampas da marca para as praias da cidade. “A gente sempre quis fazer algo grande pela cidade e a praia sempre foi um lugar onde pensamos em intervenções”, conta Kátia.

Já o cimento Mauá, presente há mais de 75 anos no Rio, foi usado na construção de símbolos como o Maracanã, a Ponte Rio-Niterói e o Museu de Arte Contemporânea. Em homenagem, a empresa lançou a campanha “Rio, melhor não há”, uma alusão ao slogan da marca.

Os shoppings também encontraram formas de homenagear o Rio. No Ilha Plaza, as fachadas serão iluminadas de azul neste fim de semana. Já o Norte Shopping, Barra Shopping e Tijuca ficarão vestidos de azul durante todo o mês de março.

O Flamengo, por sua vez, estreia hoje no jogo contra o Botafogo sua nova terceira camisa, que terá a inscrição “Rio de Janeiro 450 anos”. O Maracanã fará uma festa com bandas de música e ídolos do futebol.

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