Por bferreira

Rio - Depois do transporte coletivo, da gasolina e da energia elétrica,será a vez dos pães, macarrão e demais derivados do trigo pressionarem o bolso do brasileiro. Os produtos do gênero serão reajustados a partir do próximo mês, em função do alto preço do dólar. Atualmente, cerca de metade do trigo usado no Brasil é importada, principalmente da Argentina.

Renata da Paixão implementou a rotina de lanches em casa%2C no lugar do jantar%2C para reduzir despesasMaíra Coelho / Agência O Dia

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), desde o início de fevereiro é possível notar um aumento no preço do insumo. E não é somente o trigo que vem do exterior que encarece. “Os produtores nacionais acabam pedindo preços mais altos também”, afirma Rafaela Moretti , analista de mercado do Cepea. No início de fevereiro, o trigo à vista no Paraná estava sendo comercializado a R$567,91 (a tonelada). Na semana passada, a commodity estava cotada a R$ 609,40.

Segundo Cláudio Zanão, presidente executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados (Abimapi), a alternativa dos consumidores é diversificar as marcas. “Estimamos um aumento de 8%, mas vai depender da estratégia de cada empresa. Há aquelas que têm estoque e vão retardar este aumento, outras vão segurar para ganhar participação de mercado. Tem empresas que precisam aumentar imediatamente”, explica.

Outra opção, que vem ganhando terreno no Brasil, é a goma de tapioca. Derivada da mandioca, ela não possui glúten em sua composição, por isso virou queridinha no mundo das dietas. Atualmente, um pacote de 500 gramas pode ser encontrado por preços entre R$ 6 e R$ 7 no Rio. “O aumento do consumo vem por causa da tendência das pessoas de uma alimentação saudável”, afirma o gerente comercial da fabricante Sabor da Paraíba, Mário Costa da Silva. A marca abriu uma filial no Rio de Janeiro recentemente. Apesar de não sofrer diretamente com a alta do dólar, ele afirma que as fabricantes do produto também podem ter reajustes, principalmente pelos aumentos com energia e transportes.

A caixa Iane Silva, 42 anos, aderiu à iguaria. “Tapioca rende mais. Faço uma massa fina e comemos todo dia de manhã. Vale mais a pena”, afirma. Ontem, ela pagou R$ 10 para comprar seis pães e 150g de queijo. “Imagina quando preciso levar café ou um bolo?”, lament a trabalhadora.

Produtos são essenciais à mesa

A alta de pães e massa atinge produtos que são essenciais à mesa do brasileiro. Segundo a Abimapi, o macarrão e o biscoito têm 99,6% de penetração nos lares do país. O consumo da massa é 6,3 quilos per capita por ano. Atualmente, o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor de massas alimentícias, ficando atrás apenas da Itália e dos EUA. Já o biscoito tem consumo médio de 8,5 quilos anuais per capita. “São produtos do dia a dia, difíceis de cortar”, afirma Cláudio Zanão.

No último ano, o aumento desses produtos ficou abaixo da inflação. O pão francês subiu 5,40 % nos últimos 12 meses, seguido do pão doce (5,15%), pão de forma (5,07%), biscoito (4,74%) e macarrão (4,36%).

A professora Renata da Paixão, 34 anos, havia feito mudanças na sua rotina para economizar em sua casa, trocando o jantar por lanches. “Com o preço do trigo subindo novamente, não vou ter mais para onde correr”, afirma.

A professora, moradora de Santa Teresa, também viu na tapioca uma boa alternativa para os derivados de trigo, principalmente o pão francês. “A tapioca é uma boa alternativa. É barato e prático”, diz.

Sucesso no Nordeste e no Norte, tapioca tem preparo simples e conquista o Rio

De origem indígena, descoberta em Pernambuco e muito famosa nas regiões Norte e Nordeste do país, a tapioca tem conquistado fãs de alimentos sem glúten e pessoas que buscam refeições mais saudáveis. Uma colher de sopa da iguaria tem 70 calorias, contra 140 do pãozinho do tipo francês.

O preparo é simples. Basta aquecer a frigideira e espalhar a tapioca. Depois que os grãos se unem, é só virar e colocar o recheio. Queijo e presunto são os preferidos entre os salgados. Os doces mais cotados são banana com mel, geleia e morango com chocolate.

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