Por bferreira

Rio - Começou a valer ontem o reajuste de até 7,7% no preço de 9.120 medicamentos comercializados no país. O percentual é relativo ao aumento permitido pelo governo no preço máximo dos remédios vendidos pelos laboratórios. Até chegar ao consumidor esse valor pode ter variações e só começará a ser sentido nos próximos dois meses, quando as farmácias renovarem todos os estoques.

Mainah%2C que usa medicamentos para controlar a pressão há quatro anos%2C mantém hábitos saudáveis para evitar mais despesas com remédiosFernando Souza / Agência O Dia

Os ajustes foram divididos em três: 5%, 6,35% e 7,7%, conforme os níveis de concorrência. Este ano, a maior parte (50,18%) dos produtos teve o menor percentual, entre eles, medicamentos de alta tecnologia e de maior custo, como a Ritalina, usada no tratamento de déficit de atenção e hiperatividade, e o Rivotril.

Já os medicamentos da categoria 2 (25,37%), com aumento de até 6,35%, incluem remédios muito usados no dia a dia, como Neosaldina, Aspirina, Tylenol, anticoncepcionais e lidocaína amoxicilina, um antibiótico para infecções urinárias e respiratórias. Por fim, a categoria 3 (24,45% do total dos remédios), com o maior nível de ajuste (7,7%), engloba medicamentos como o Omeprazol, usado no tratamento de gastrites e úlceras, e Viagra, para disfunção erétil, além de Dorflex, Buscopam e até mesmo Hipoglós.

Secretário-executivo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamento (CMED), Leandro Safatle esclareceu que a resolução define o limite de aumento autorizado pelo governo, o que não significa que, na prática, o consumidor sentirá esse acréscimo, devido à concorrência entre empresas e descontos oferecidos.

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O casal de aposentados Jaime Christof, 74 anos, e Goldina, 73, por exemplo, tem uma despesa mensal significativa com remédios, de em média R$ 400. Goldina diz que faz uso de medicamentos para osteoporose, para evitar a diabetes e Omeprazol, para o estômago.

Jaime toma para controlar a pressão e o colesterol. “O programa Farmácia Popular só oferece um dos seis remédios que uso”, diz ele, assegurando que quando há aumento no preço dos remédios, cresce também a arrecadação do governo e, assim, deveria haver um benefício melhor ao consumidor.

Para Pedro Bernardo, diretor da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa), o câmbio pode fazer com que esse reajuste seja repassado pelo menos parcialmente aos consumidores.

“A alta do dólar não está ajudando, está pressionando os custos. Grande parte dos insumos é importada e mesmo as empresas nacionais importam alguns medicamentos”, explica.

Segundo o executivo, ainda haverá discussões com os segmentos do atacado e do varejo para negociar os valores para os medicamentos nas farmácias. “Ainda vamos avaliar como esse aumento vai se refletir aos clientes. De qualquer forma, uma parte do varejo ainda tem produtos em estoque e ao longo dos próximos dois meses ainda deve haver uma acomodação. Só depois de maio os preços devem começar a ter reajuste efetivo”, diz.

Medicamento genérico tem a mesma eficácia e custo menor

Diante de mais um novo aumento de preço autorizado pelo governo, desta vez para os medicamentos, o consumidor tem que recorrer a alternativas para que o custo de vida não pese tanto no bolso. A saída agora — principalmente para os idosos, que gastam boa parte da aposentadoria com a aquisição de remédios — é a substituição por genéricos.

“Muitos pacientes, e até alguns médicos, fazem uma associação errônea do preço do remédio com a sua qualidade, mas a maioria dos genéricos é eficaz e pode ser tomada sem nenhum problema”, explica o cardiologista Bruno Valdigem, do Hospital Dante Pazzanese, de São Paulo.

Os medicamentos genéricos são produtos com o mesmo princípio ativo que os de marca. Este elemento é a substância responsável pelo efeito terapêutico no paciente, ou seja, é por causa dele que o remédio faz efeito, explica a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, Odnir Finotti explica que o preço do genérico é menor porque nele não estão embutidos gastos com propagandas, nem custos de pesquisa para o desenvolvimento do principio ativo.

Outra opção para economizar é usar o programa Farmácia Popular, que oferece nos estabelecimentos uma série de produtos com descontos de até 90%.

A fisioterapeuta aposentada, Mainah Saint Martin, 77 anos, cuida da saúde com alimentos saudáveis para evitar gastos com medicamentos. Há quatro anos, ela controla a pressão com remédios.

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