Por thiago.antunes

Rio - Trabalhadores recém-aposentados e segurados que tiveram pensão por morte concedida, mas ainda não receberam a carta de concessão do benefício do INSS têm sido surpreendidos por ligações de funcionários de instituições financeiras com oferta de empréstimo consignado.

Alguns sequer foram ao banco sacar o primeiro pagamento e já são alvos de bancos e financeiras que tentam emprestar dinheiro a juros mais baixos aos novos e potenciais clientes. Atualmente, a taxa máxima do consignado do INSS é de 2,14% ao mês e de 3,06% ao mês, para o cartão de crédito.

O questionamento de aposentados que procuraram a coluna é de como as informações chegam tão rápidas às instituições financeiras, antes mesmo até deles próprios terem conhecimento dos dados que constam na carta de concessão, como o valor do benefício e a data do pagamento.

Ofertas feitas antes do benefício liberadoEBC

Segundo fonte ouvida pela coluna, após vencer o leilão da folha de pagamento, o banco que vai pagar o benefício tem acesso às informações do aposentado que passará a ser seu cliente. Assim, acaba se antecipando na oferta de crédito aos novos aposentados e pensionistas.

O segmento de crédito com desconto em folha para aposentados e pensionistas da Previdência Social, segundo dados do Banco Central, foi o único que não sofreu com a crise e ainda registrou alta de 1,6% nos primeiros meses do ano.

O volume de empréstimos somaram R$4,213 bilhões somente em fevereiro de 2015. O resultado é devido à facilidade com que os tomadores pegam o crédito e bancos e financeiras conseguem receber com desconto diretamente na folha de pagamento.

Em contrapartida, a elevação das taxas de juros nos últimos meses fez a busca por outras linhas de financiamentos caírem, atingindo todas as regiões do país em fevereiro, de acordo com a Serasa. A maior baixa foi no Centro-Oeste e no Nordeste, com quedas de 12,5% e 12,2%, respectivamente. No Sul e no Sudeste, as retrações foram de 10,5% e 10,1%.

Uma forma de se proteger do assédio e até mesmo evitar que fraudadores possam pegar empréstimos no lugar dos segurados, segundo o gerente-executivo da Gerência Centro do INSS no Rio, Flavio Souza, é o aposentado bloquear a margem consignável. Assim, conforme o gerente, os bancos ficam impedidos de fazer qualquer desconto.

Mas para que possam fazer o bloqueio, os segurados precisam ir pessoalmente à agência do INSS mantenedora do benefício para fazer o pedido.

Desbloqueio também na agência

“Caso o segurado precise fazer um empréstimo, ele pode voltar à agência do INSS e pedir o desbloqueio da margem consignável. Nesse meio tempo, não ficará vulnerável”, afirma Souza, ressaltando que reclamações à Ouvidoria podem ser registradas pela Central 135. “Os bancos têm até 48 horas para resolver a situação e devolver o dinheiro caso seja constata irregularidades”, diz.

Dados em sigilo

Questionado pela coluna, o INSS informou que “os dados dos seus segurados/beneficiários são mantidos em sigilo e que, em nenhuma hipótese, fornece qualquer dado pessoal sob sua guarda a terceiros, sejam instituições financeiras, entidades representativas de classe ou quaisquer outros”. Procurada a Febraban não retornou as ligações para comentar o assunto.

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