Por bferreira

Rio - A mudança na tributação no setor de bebidas frias, que entrou em vigor no começo do mês, deixou os consumidores apreensivos com um aumento nos preços da cerveja e dos refrigerantes. Mas entidades do setor afirmam que alterações nos valores devem ser pontuais, já que a nova legislação veio como uma faca de dois gumes.

Por um lado, a mudança provocou um aumento médio na carga tributária dos fabricantes da ordem de 10%. Por outro, ela simplificou o modo de recolhimento, de forma que as empresas agora conseguem planejar melhor e com mais previsibilidade como será o pagamento de impostos.

Anniele Guimarães e Paula Franzotti pesquisam os preços do chopeJoão Laet / Agência O Dia

Anteriormente, o valor a ser pago era calculado com base em uma série de variáveis como volume, embalagem e marca. Agora, a tributação vai seguir o preço do produto. Quanto mais caro, maior o tributo. A CervBrasil, entidade que reúne fabricantes de cervejas, acredita que “haverá um impacto para o setor com aumento da arrecadação para o governo, mas que, em nome da previsibilidade do novo sistema tributário, poderá ser absorvido pelo mercado”.

A Coca-Cola informou que a nova lei foi uma mudança importante e que “tentará absorver o aumento da carga tributária, por meio de uma busca cada vez maior por eficiência em todo o seu negócio”. Consultadas, a Ambev e o Grupo Petrópolis não quiseram comentar sobre sua política de preços.

O presidente Associação dos Fabricantes de Refrigerantes do Brasil (Afrebras), Fernando Rodrigues de Bairros, acredita que no curto prazo haverá aumento em alguns produtos. Mas, ele afirma que muitas empresas já diluíram a mudança desde o ano passado, quando a mudança na legislação começou a ser discutida com o governo federal.

“Apesar de a regulamentação ter saído agora, a lei que previa a mudança é de dezembro, por isso os estudos já vinham sendo promovidos pelas empresas e algumas já f<IP0>izeram as correções necessárias”, afirma.

No ano passado, o preço das bebidas frias subiu acima da inflação. Enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 6,41% em 2014, os refrigerantes aumentaram 8,77% e as cervejas, 9,28% no ano.

Para Bairros, o novo modelo de tributação é benéfico para o setor. “Desse jeito, a Receita não terá que ficar emitindo decretos e tabelas com valores atualizados todo mês. É uma legislação mais clara e vai ficar mais fácil organizar o orçamento das empresas”, diz.

Para as estudantes Anniele Guimarães, 21 anos,e Paula Franzotti, 21, se houver aumentos, a solução será procurar as melhores condições nos bares da cidade, pois não pretendem parar de consumir. Paula diz que os preços variam principalmente de um estabelecimento comercial para outro.

“Já pagamos R$ 10, por um chope na Zona Sul e próximo à faculdade, que fica na Lapa, pagamos R$ 7, pelo mesmo chope”, compara.

Bares do Rio ainda não perceberam aumentos, mas já se preparam

Enquanto os fabricantes de bebidas empresas se adequam ao novo modelo de tributação, os bares da cidade já planejam estratégias para acomodar novos preços. Por ser muito recente, a mudança da legislação ainda não foi percebida pelos donos de bares da cidade.

Claudia Costa, gerente do Bar do Adão, na Lapa, afirma que este ano não terá como fugir dos reajustes nos preços. Ela diz que o cardápio mantém os mesmos valores desde setembro do ano passado.

“Aqui, nossos produtos são de qualidade, carnes de primeira e todos esses produtos tiveram uma alta significativa no mercado”, avalia.

Já Flavio Oliveira, gerente do Boteco das Garrafas, na mesma região, diz que a estratégia será absorver aumentos para manter a clientela. “Temos clientes fiéis, não é justo repassar todos nossos aumentos. Não queremos perdê-los”, diz.

O gerente afirma que neste ano a casa está segurando aumentos na conta de luz e água. A Original é a cerveja de maior saída e custa R$ 12. “No último sábado, dia de feira do Lavradio, vendemos mais de 70 caixas da bebida”.

Outros bares apostam em promoções em dias específicos. A cearense Danielle Duarte, coordenadora de eventos, está no Rio a passeio e ficou espantada com o preço da cerveja na cidade. Ela encontrou o bar do Victor, na Lapa, que oferece promoção de segunda à quinta feira. “Aqui o atendimento é bom e tem cerveja gelada e barata”, garante.

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