Por bferreira

Rio - Trabalhadores da construção pesada entraram em greve ontem, depois de um impasse nas negociações iniciais de reajuste da categoria, iniciadas em fevereiro. O movimento deixou vazios canteiros de obras importantes no Rio de Janeiro, apesar de a adesão à paralisação não ter sido irrestrita.

Operários trabalham na instalação dos trilhos na Rua Gal. Luiz Mendes de Morais%2C perto da rodoviáriaDivulgação

A reportagem do DIA verificou duas situações distintas na tarde de ontem. Na Zona Portuária, as obras do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) estavam paradas. Já nos canteiros da linha 4 do Metrô, nos trechos da Lagoa e de Ipanema, a movimentação era normal.

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Sintraicp) informou que houve adesão em obras do Parque Olímpico Deodoro, Galeão e Transolímpica, entre outras. A empreiteira Queiroz Galvão, responsável pelas obras do Parque Olímpico Deodoro, foi procurada mas não informou qual a situação no local. Apenas se limitou a divulgar que “respeita integralmente a legislação trabalhista e os acordos regionais sindicais vigentes”.

No Estádio do Engenhão, o consórcio responsável confirmou que houve praticamente 100% de adesão ao movimento. Em nota, o Consórcio Engenhão informou ontem que “mantém um diálogo permanente e aberto com seus integrantes e aguarda o resultado das negociações do Acordo Coletivo entre o sindicato patronal e o sindicato que representa os trabalhadores”.

Já a concessionária RioGaleão negou a informação do sindicato dos trabalhadores e informou que a greve não atingiu as obras do Aeroporto Internacional Tom Jobim. “A concessionária reforça que o cronograma previsto para a conclusão das obras está mantido”, esclareceu, por meio de nota.

A Justiça do Trabalho determinou, por meio de liminar, que pelo menos 30% do efetivo dos trabalhadores fossem mantidos, de forma a não paralisar completamente as obras.

O Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon-RJ) entrou com uma ação pedindo a declaração de ilegalidade do movimento. Uma audiência de conciliação entre os sindicatos dos trabalhadores e dos patrões está marcada para a próxima sexta-feira.

O Sintraicp informou ainda que conseguiu chegar a um acordo com as construtoras J Dantas e Fábio Bruno, responsáveis por obras de combate a enchentes na Tijuca. As empresas aceitaram pagar o reajuste pedido pelos trabalhadores, de 8,5% mais R$ 350 de cesta básica.

Categoria quer aumento de 8,5%

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Sintraicp) quer um reajuste de pelo menos 8,5%, além de R$350 de cesta básica. Segundo Nilson Duarte, presidente da entidade, os patrões querem pagar, no máximo, 7,13% de aumento, referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) apurado em fevereiro deste ano, data-base da categoria.

“Há dificuldades não só no setor da construção pesada, mas no país inteiro. Não há novas obras e algumas estão andando aos trancos e barrancos. Estamos apelando para os sindicatos e pedindo bom senso. Ao longo dos anos sempre houve aumento real, mas o INPC é o que estamos podendo pagar no momento”, afirma Renilda Renilda Cavalcanti, diretora de Relações Sindicais do Sinicon, que representa as empresas do setor.

Já Nilson Duarte afirma que há margens para reajustes maiores. “Estas mesmas empresas concederam aumento de 10% em Belo Monte e outros aumentos em outras praças”.

Duarte lembra que o reajuste do piso regional do Rio de Janeiro ficou em 9% neste ano.

“O aumento do piso regional no Estado do Rio ficou em 9%, porque não podem dar 8,5% para os trabalhadores da construção pesada?”, questiona. Ele afirmou que a próxima assembleia da categoria está marcada para a sexta-feira.

Centrais convocam paralisação para o dia 29 de maio

Insatisfeitas com a aprovação de medidas que alteram direitos trabalhistas na Câmara, as centrais sindicais planejam uma paralisação geral no dia 29 de maio.

A convocação tem como mote a manifestação contra as medidas provisórias 664 e 665, que fazem parte do ajuste fiscal do governo, e contra o PL 4.330, que libera a terceirização irrestrita no país.

“Vamos iniciar a paralisação na área de mobilidade urbana e ao longo do dia várias atividades serão paradas”, afirma Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). Ele afirma que há a possibilidade de convocação de uma greve geral caso as propostas não sejam alteradas no Congresso.

Segundo Patah, a questão mais sensível aos trabalhadores é a aprovação do PL 4.330. O projeto foi aprovado na Câmara em abril e está tramitando no Senado. “Este projeto é muito grave e está incomodando milhões de trabalhadores que correm o risco de ter seus empregos precarizados”, diz Patah.

As MPs 664 e 665 também estão na casa revisora. Elas endurecem as regras para a concessão de benefícios como a pensão por morte, auxílio doença e o seguro-desemprego.

As centrais sindicais se reuniram para discutir a paralisação. O movimento está sendo planejado pela CUT, UGT, Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central, Intersindical-CCT e CSP-Conlutas.

A Força Sindical não aderiu ao ato. A central apoia ao projeto que regulamenta a terceirização (PL 4.330).

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