Por bferreira

Rio - Depois de meses seguidos de alta, os preços dos alimentos começaram a dar um alívio no bolso do consumidor. Os preços da batata-inglesa, tomate, cebola e banana-prata caíram até 20% no mês passado, forçando a desaceleração da inflação de baixa renda, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que variou 0,6% em agosto, contra alta de 0,68% em julho.

A dona de casa Elizabeth Alves já percebeu a redução de preço em alguns produtos. Ela torce para que haja mais quedas nos alimentosDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

O indicador calculado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), mede a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos, pesquisados no Rio, São Paulo, Recife e Salvador. Mas a queda dos preços é apenas um refresco na alta acumulada no ano. No ano, o IPC-C1 soma 8,01% e já chega a 10,37%, nos últimos 12 meses.

Infográfico: Preço dos alimentos em queda

Economista do Ibre/FGV, André Braz diz que os índices mostram que os alimentos de feira livre estão em queda, mas frisa que os preços ainda precisam cair muito para aliviar o consumidor do aumento registrado em 12 meses. “O tomate teve queda de 15,54%, mas subiu 16,49% em 12 meses. A batata-inglesa está 19,07% mais barata, mas sofreu aumento de 57,93% em doze meses. A cebola caiu 10,34%, mas subiu 156,81% no acumulado”, afirmou Braz.

Quatro das oito classes de despesa do indicador de inflação de baixa renda tiveram variação negativa. Alimentação passou de 0,94% para -0,36%; habitação, de 1,18% para 0,18%; vestuário, de -0,21% para -0,26%; e despesas diversas, de 0,16% para 0,12%.

Nestes grupos, os destaques foram hortaliças e legumes (1,84% para -10,76%), tarifa de eletricidade residencial (3,80% para -0,83%), roupas masculinas (0,80% para -0,53%) e alimentos para animais domésticos (0,56% para -0,05%), respectivamente.

Na contramão, subiram os preços de transportes (de 0,13% para 0,42%), saúde e cuidados pessoais (de 0,42% para 0,59%), educação, leitura e recreação (de 0,03% para 0,34%) e comunicação (de 0,08% para 0,10%).

Nestas classes de despesa, destacam-se os itens: tarifa de ônibus urbano (0,05% para 0,55%), artigos de higiene e cuidado pessoal (0,55% para 1,22%), passagem aérea (-15,92% para 9,55%) e mensalidade para TV por assinatura (0,79% para 1,75%), respectivamente.

Os alimentos mais baratos já são percebidos pelos consumidores. Segundo a dona de casa Elizabeth Alves, 50, esses produtos estavam realmente muito caros. “Percebi que agora estão mais em conta. São ingredientes fundamentais para o brasileiro e espero que abaixe ainda mais”, disse.

Para o funcionário público Júlio Assunção, 47, o consumidor tem o poder de influenciar. “Quando um produto está muito caro as pessoas têm que se mobilizar e deixar encalhar no mercado.Isso sem dúvida abaixa o preço”, disse.

Mercados prevêem prejuízo

A queda dos preços dos alimentos é reflexo da crise econômica que atingiu também itens básicos de consumo do brasileiro, como alimentos, bebidas e artigos de higiene e limpeza. Entre janeiro e julho, o faturamento dos supermercados recuou 0,2% este ano na comparação com o mesmo período de 2014, descontada a inflação, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

O setor de supermercados iniciou o ano projetando crescimento de 2%. Depois, cortou a estimativa para 1%. Agora, acredita que vai fechar 2015 no vermelho.

“Fazia muito tempo, pelo menos desde 2004, que não tínhamos um resultado negativo de vendas”, afirma o presidente do Conselho Consultivo da Abras, Sussumu Honda. Ele observa que a mudança de rota do setor ocorreu após um longo período de crescimento de vendas. (Com agências)

Valorização do dólar melhora a balança

A queda de preços é uma tendência na avaliação do governo. Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, previu que a inflação em agosto deve ter desacelerado para algo em torno de 0,25% ou 0,26%, referindo-se ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE.

Mercadante também disse que a desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar está melhorando a balança comercial e permitirá a substituição de importados por produtos nacionais.

Colaborou Lucas Gayoso

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