Por bferreira
Rio - O número de brasileiros desocupados — em busca de emprego — saltou 33,9% no terceiro trimestre (julho, agosto e setembro) de 2015 em relação ao mesmo trimestre de 2014, chegando a 9 milhões de pessoas no país. Foi o maior crescimento da população desocupada, na comparação com o mesmo período do ano anterior, na série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (Pnad Contínua), do IBGE.
A feira ‘Portela dá trabalho’ reuniu 1.280 pessoas na quadra da escola de sambaEstefan Radovicz / Agência O Dia

O desemprego também cresceu a uma taxa recorde desde 2012 e ficou em 8,9% no terceiro trimestre de 2015. A taxa de desocupação apresentou alta tanto em relação ao segundo trimestre (abril, maio e junho) de 2015 — quando ficou em 8,3% — quanto frente ao terceiro trimestre de 2014 (6,8%).

Coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo explica que o levantamento revela um avanço da taxa de desemprego, resultado da crise econômica no país.
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“Há uma mudança também do comportamento da taxa de desocupação. Há um avanço desse índice”, disse Azeredo, afirmando ainda que o mercado de trabalho não está conseguindo absorver a demanda. “As pessoas estão perdendo emprego e tentando se realocar. Há dificuldade para voltar ao mercado”, afirmou.
De acordo com a pesquisa, a população ocupada no terceiro trimestre de 2015 corresponde a 92,1 milhões de pessoas. Desse total, cerca de 35,4 milhões tinham, naquele período, carteira de trabalho assinada na iniciativa privada.
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Dados da Pnad Contínua mostram ainda que a região mais afetada pelo desemprego no país é o Nordeste, que registrou 10,8%. O menor patamar foi de 6% no Sul.
Das 27 capitais, o Município do Rio de Janeiro teve a menor taxa de desemprego, que ficou em 5,1%, enquanto Salvador, na Bahia, alcançou 16,1%. Entre os estados, a maior taxa de desocupação foi de 12,8% na Bahia e a menor foi de 4,4%, registrada em Santa Catarina.
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Segundo o IBGE, o rendimento médio real habitual dos trabalhadores caiu 1,2% no terceiro trimestre deste ano, passando de R$ 1.913 (no segundo trimestre) para R$ 1.889, mas ficou estável em relação ao terceiro trimestre de 2014 (R$ 1.890).
O Sudeste mostrou o maior rendimento médio, de R$ 2.189, e o Nordeste o menor, de R$ 1.284.
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Feira de Niterói repete fila quilométrica
A dificuldade em encontrar um emprego tem levado muitas pessoas a aceitar ofertas fora de sua qualificação. Desempregada há dois anos, a atendente Priscila Oliveira encarou ontem a fila quilométrica da feira ‘Emprega Niterói’ disposta a conseguir “qualquer tipo de vaga”.
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Presidente da empresa Essência Cultural, que promove o evento e a Emprega Rio desde 2012, Felippe Martins afirma que a cada ano aumenta o público das feiras.
“Antes, as empresas precisavam de funcionários. Hoje, há mais pessoas do que crianção de vagas”, declarou ele.
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A Emprega Niterói também ocorreu na segunda-feira, reunindo 35 mil pessoas atrás das 6 mil vagas oferecidas, sendo 5 mil para cadastro reserva da Rio 2016. Bruna Gomes esteve no evento em busca de trabalho na área administrativa e de Recursos Humanos.
Sem conseguir um emprego há quatro meses, a auxiliar de cozinha Luciana Marques, 39, foi ontem à feira ‘Portela dá Trabalho’ também em busca de “qualquer vaga”. “Não tenho mais dinheiro. Aceito qualquer oportunidade”.