Por tiago.frederico

Rio - O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Silvio Campos, acabou de convocar a imprensa para uma coletiva nesta quarta-feira às 10h, quando irá tratar de cerca de 3 mil demissões, que, segundo ele, teriam sido anunciadas oficialmente à entidade numa reunião na segunda-feira. De acordo com a assessoria de imprensa do sindicato, Sílvio Campos também vai falar do suposto corte anunciado de 35% dos valores de contratos das empresas terceirizadas que prestam serviços à Usina Presidente Vargas. Essa redução pode resultar em outras 3 mil demissões, segundo a entidade. O sindicato também divulga, a partir desta quarta-feira, uma carta aberta à população (ver abaixo), onde taxa de “absurda”, a atitude da CSN. Hoje a CSN tem aproximadamente 20 mil funcionários, metade deles vinculados a empresas prestadoras de serviço à empresa.

Além de estar prestes a demitir três mil funcionários%2C CSN também enfrenta críticas com poluição ambientalFrancisco Edson Alves / Agência O Dia

Contatada pelo DIA, a assessoria da CSN disse que "por hora, não vai se manifestar". Segundo Sílvio Campos, a CSN teria alegado, no encontro com ele, que as demissões seriam “em virtude da crise econômica”, estoque alto de produtos, e venda de aço reduzida no exterior”. Nesta tarde, trabalhadores da CSN vão se encontrar com o bispo da Diocese de Barra do Piraí-Volta Redonda, dom Francisco Biasin para pedir ajuda contra as demissões que supostamente ocorrerão. Procurado pelo DIA, Biasin informou, através de sua assessoria, que ainda “está tomando conhecimento do assunto”.

Em 2008, graças à intervenção rápida do então bispo dom Waldyr Calheiros (que morreu há dois anos), que ficou conhecido como o principal defensor dos metalúrgicos, um movimento entre o sindicato e a Igreja Católica, batizado de “Demissão Zero”, conseguiu barrar centenas de demissões cogitadas na época. “Dom Waldyr se posicionava sempre rapidamente em nosso favor. Já velhinho , subia até em carro de som para nos defender. A Igreja sempre foi uma aliada fundamental em nossa luta”, disse um dos trabalhadores que vai se encontrar com dom Biasin. Recentemente, temendo prejuízos no comércio do município e em outros setores por conta das demissões, o prefeito Antônio Francisco Neto disse que “espera sempre soluções que não passem por dispensas de funcionários”.
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PROBLEMAS TAMBÉM COM TERRAS E MEIO AMBIENTE
A CSN também enfrenta problemas com o Ministério Público Federal de Volta Redonda, que acusa a empresa de funcionar, desde 2012, sem licença de operação e de não cumprir exigências de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado junto ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em 2008. A poluição atribuída à Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que na década de 1990 alarmou a todos, voltou a ser alvo de reclamações. A empresa, porém, argumenta que “mantém constante diálogo com os órgãos públicos e investiu, no último ano, mais de R$ 350 milhões em ações ambientais”.
Poluição nas chaminés da siderúrgicaDaniel Castelo Branco / Agência O Dia

Através de representantes da Comissão Ambiental Sul, formada por moradores de bairros da cidade atingidos pela poluição emitida pela CSN, manifestantes entregaram recentemente ao MPF do município sacos de pó preto contendo metais ferrosos. O material, anexado à ação civil pública ajuizada na Justiça Federal contra a empresa por danos à saúde da população e ao meio ambiente, é parte de 30 quilos de fuligem recolhidos em cinco ruas do bairro Jardim Cidade do Aço em apenas 15 dias. O ato já se repetiu em várias partes da cidade, sempre em frente a patrimônios da usina.

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Esta semana, a procuradora do MPF, Marcela Harume, que cuida das questões socioambientais na região, oficiará ao Instituto Estadual do Ambiente (INEIA) a cobrança de relatórios de medições da qualidade do ar em Volta Redonda. Diariamente moradores têm registrado descargas de fumaça cor alaranjada das chaminés da siderúrgica e encaminhado aos órgãos de defesa do meio ambiente.
Representantes de movimentos sociais e igrejas de diversas religiões iniciaram também em Volta Redonda, uma série de mobilizações populares com o objetivo de chamar a atenção da Justiça Federal para "a importância da devolução ao poder público da maior parte de 147 áreas de terras, e prédios, que hoje estão em nome da Companhia Siderúrgica Nacional(CSN)".
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Como o DIA publicou com exclusividade recentemente, o Ministério Público Federal do município deu parecer favorável a uma ação popular que já tramita há dez anos, e que pode obrigar a devolução dos terrenos.
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO, DO SINDICATO DOS METALÚRGICOS DO SUL FLUMINENSE
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Absurda. Essa palavra resume bem a atitude da CSN de ameaçar demitir três mil trabalhadores da Usina Presidente Vargas (UPV) e reduzir em 35% os valores dos contratos das terceirizadas.
A informação foi obtida, oficialmente, pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense durante uma reunião realizada nesta segunda-feira, dia 21, pelo órgão sindical e a direção da CSN. Isso na véspera das festividades de final do ano, mostrando mais uma vez a insensibilidade da direção da CSN.
A empresa alega crise econômica: o estoque está muito alto e as vendas do aço no mercado interno reduziram drasticamente e a comercialização do mercado externo não está compensando financeiramente. Isso é o que a CSN alegou ao Sindicato dos Metalúrgicos.
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Diante disso, o sindicato não aceita, de maneira alguma, essas demissões arbitrarias. Esse é o nosso posicionamento. Tomaremos todas as medidas legais e políticas para que tal fato não aconteça. Mobilizaremos toda a cidade, conclamando as autoridades políticas e entidades civis.
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