Por paulo.gomes
Rio - No verão, além das altas temperaturas, os banhistas sentem a inflação sazonal sobre os preços de itens praianos. Com a chegada da estação mais quente do ano, os vendedores aproveitam para lucrar aumentando os valores de produtos e serviços. O ‘fenômeno’ já é tão tradicional quanto aplaudir o pôr do sol. Nesta temporada, os consumidores terão que desembolsar um dinheiro a mais na cerveja, no coco e no aluguel de cadeira e guarda-sol. Além disso, há diferenças expressivas no custo dependendo do trecho da praia, e o aumento pode ultrapassar 100%.
No último verão, uma lata de 350 ml de cerveja nacional (Brahma, Antarctica ou Skol) era vendida entre R$ 4 e R$ 5 pela orla da Zona Sul, do Leme ao Leblon. Agora, custa R$ 6, exceto em alguns pontos. A média de preço da bebida nos mercados é R$ 2,50, uma diferença de 140%.
Beatriz e Daniela substituem as cadeiras por cangas e levam água e lanche. 'Os aluguéis e preços estouram o orçamento'%2C diz BeatrizMárcio Mercante / Agência O Dia

Já o ‘latão’ da cerveja de 473 ml passou de R$ 6 para R$ 7. E a garrafa de água está R$ 4. Segundo os comerciantes, a alta deve-se ao aumento do gelo e da cerveja no mercado. “Um saco de gelo de 18 Kg está entre R$ 15 e R$ 20. Antes era R$ 8. É produto que derrete e precisamos para manter a cerveja gelada”, diz Mário Martins, vendedor no Leme.

Publicidade
Para evitar pagar os preços mais salgados da bebida, Amanda Dantas, 40 anos, Flavia Soares, 36, procuram os trechos mais baratos. “É tudo mais caro na praia, mas eu não pago a mais”, afirma Amanda, que desembolsou R$ 5 em uma barraca de Ipanema.
Também é preciso pechinchar para alugar cadeiras. O valor médio é R$ 6, enquanto no verão passado era R$5. Algumas barracas de Copacabana e Ipanema ainda cobram esse valor, mas no trecho do Copacabana Palace, por exemplo, o item custa o dobro: R$ 10. No mesmo ponto, para alugar o guarda-sol são cobrados R$ 20, enquanto nos outros o aluguel é de R$ 10.
Publicidade
Vendedor do local mais caro de Copacabana, William Silva admite a inflação sobre os aluguéis: “Aumentamos porque é isso que nos dá lucro. Mais que alimentos e bebidas”, afirma.
Técnica em Enfermagem, Beatriz Santos, 22, vai ‘equipada’ à praia. “Em toda orla te cobram mais caro pelo conforto. Trago água, biscoito e fico na canga”, conta. Daniela Ramos, 21, reclama do preço de R$ 4 da água. “Compro por R$ 2 em um bar”.
Publicidade
Para o economista e professor do Ibmec, Alexandre Espírito Santo, os aumentos exorbitantes são impulsionados pela alta da inflação, que ultrapassa 10%. “Os preços ficam sem parâmetro”, afirma ele, que acrescenta: “A cerveja aumentou, mas nem tanto. No mercado, está entre R$ 2 e R$ 2,50. O vendedor ganha acima da margem de lucratividade e o consumidor não deve aceitar isso”.
Felipe e a namorada%2C Camila Dentes%2C criticam variação de preço de itens como o coco por trecho da praiaMárcio Mercante / Agência O Dia

O publicitário Felipe Bogomoltz, 32, critica o preço do coco, vendido a R$ 6 no Leblon e até R$ 7 na Barra. Em outras praias, cobram R$ 5, o valor do verão passado. “Temos que dizer não. Isso é abusivo”.

Negociar ou levar de casa são opções
Publicidade
Há poucas opções para fugir dos altos preços nas praias mas negociar com vendedores e levar seus itens é o caminho, alerta o economista Gilberto Braga. “A inflação de verão é oportunista. Cobra-se mais caro pelo conforto. Como estamos em crise, há barganha e desconto. Mas o melhor para economizar é ter a sua cadeira e barraca, levar seu recipiente com gelo, bebidas e lanches”.
Consultor de varejo, Marco Quintarelli ressalta que exceto os alimentos, cadeiras e guarda-sóis não são renovados e, por isso, o aumento não se justifica: “Paga-se mais por um aluguel de produto velho e mal conservado. É exorbitante”.
Publicidade
Cerveja - A bebida disputada nas areias sofreu alta, em média, de 20%, em comparação ao verão passado. A lata de 350 ml custava R$ 5 e muitas barracas da orla já aumentaram para R$ 6. No trecho do Copacabana Palace, saltou de R$ 5 para R$ 7, aumento de 40%. Quem gosta das importadas (Heinekein, Budweiser e Stella Artois) terá de desembolsar R$ 6 ou R$ 7, dependendo da parte da praia que escolher ficar.
Coco - Tradição da praia, o item custa R$ 5 na maior parte da orla há dois verões, e, no Leblon, algumas barracas vendem por R$6. Mesmo sem sofrer alta, o preço do produto é questionado. “Não é vendida a água de coco já processada, industrializada. Vendedores cobram preços altos”.
Publicidade
Água - Indispensável no calor e sobre as areias, a garrafa de água de 510 ml está sendo vendida a R$ 4. No verão passado, a maioria das barracas das praias comercializava o produto em média por R$ 3. O banhista pode comprar o produto em lanchonetes e farmácias próximas à praia pela média de R$ 2,50.
Caipirinha - Os vendedores estão ‘cotando’ a iguaria brasileira, a partir de R$ 10. No verão passado, os banhistas conseguiam comprar por R$ 8 pela orla da Zona Sul.
Publicidade
Cadeira - O banhista que não levar a sua ou não optar pela canga terá que andar para encontrar preços mais em conta. Muitas barracas já aumentaram de R$ 5 para R$ 6 e há algumas que cobram R$ 8. O menor valor cobrado no aluguel é de R$ 5 em alguns trechos da orla.
Guarda-sol - Para se proteger do sol escaldante, é recomendado levar sua própria barraca. Quem optar pelo conforto e preferir alugar tem que ficar alerta. Vendedores cobram, em média, R$ 10. Alguns comerciantes de trechos de Ipanema e Copacabana cobram R$ 20.
Publicidade
Mate - A refrescante bebida que sai que nem água é vendida desde o verão passado a R$ 5. Vendedores disseram que não há previsão de aumento.
Biscoito Globo - Patrimônio cultural carioca, o item estava a R$ 4 agora custa R$ 5. Especialistas recomendam negociar o preço com o vendedor por meio de compras casadas com bebidas.