Por bferreira

Rio - O desemprego é alto. As vagas são restritas. Mas mesmo com o cenário adverso, não dá para perder tempo nem se desesperar. É hora de os trabalhadores usarem ‘estratégias de guerra’ na trincheira da crise. Em momento de recessão econômica, quem estiver fora do mercado deve até mesmo recuar nas escolhas para aumentar as oportunidades. A flexibilidade para aceitar uma atividade em outra área, ou mesmo um salário menor, são táticas para garantir emprego, ensinam especialistas.

Secretária executiva%2C Sheila Maçada conseguiu uma outra vaga depois de aperfeiçoar seu perfil com a ajuda de consultoria de recolocaçãoDivulgação

Com a taxa de desocupação de 9% no trimestre entre agosto e outubro de 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE — a maior da série iniciada em 2012 —, procurar trabalho em outras regiões também é uma medida a ser considerada.

Presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Recursos Humanos (ABRH), Paulo Sardinha destaca que o momento é delicado e, por isso, nenhuma chance deve ser descartada. “A pessoa tem que ser flexível. Deve considerar uma atividade fora de sua área de atuação e com remuneração menor, ainda que temporariamente”, afirma o especialista, que também é coordenador da pós-graduação CBA Gestão de Recursos Humanos do Ibmec-Rio.
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Segundo o especialista, o tempo para a recolocação no mercado de trabalho aumentou. “Antes, a média era de 3 a 4 meses. Hoje, é de 6 meses. Por isso, não dá para cair no desânimo. Muitos recebem a notícia da demissão e ficam em choque. Deve-se retomar contatos logo e até a procurar emprego em outras regiões”, orienta ele, que dá como exemplo o setor de petróleo. “Enquanto há demissões em Macaé, há chances no Rio Grande do Norte”, diz.
Outra alternativa, para quem tem condições, é contratar empresas especializadas em recolocação no mercado de trabalho. A consultoria envolve desde aperfeiçoamento na carreira até indicações de vagas. Em geral o atendimento é para empresas, para recolocação de seus demitidos (outplacement), e também há atendimento para pessoas físicas, mas o preço costuma ser salgado.
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Foi o caso da secretária executiva Scheila Maçada, 45 anos. Depois de ser desligada de uma montadora de veículos, em junho de 2015, a empresa a encaminhou para a consultoria de recolocação Stato, que lhe ajudou a conseguir uma nova vaga em dois meses. “Eles ensinam a melhorar o currículo, treinam para entrevistas e dão dicas que a gente pensa que sabe”, diz Scheila, contando que uma das orientações foi aperfeiçoar o perfil em redes sociais de trabalho.
Diretor da Stato no Rio, Carlos Alvim ensina como apresentar um currículo nessas redes. “Além do currículo funcional, tem que ter realizações, mas com feitos relevantes”, diz Alvim. Segundo ele, o Linkedin é um grande canal, que amplia os contatos e é utilizado pela maioria das empresas.
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DICAS PARA SE RECOLOCAR NO MERCADO DE TRABALHO
FLEXIBILIDADE
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Aceitar um emprego fora de sua especialidade ou até com menor salário são medidas para driblar o desemprego. Os trabalhos temporários e em outras regiões também. Às vezes, outros estados têm oportunidades em um setor que já está saturado no Rio de Janeiro. A pessoa deve se informar sobre isso.
SEJA ÁGIL
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Corra contra o tempo e evite o desânimo. Além da restrição de vagas, o tempo médio de recolocação no mercado aumentou. O dia seguinte de uma demissão já é momento para começar a procurar vagas.
'TURBINE' O CURRÍCULO
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O profissional que não está com seu currículo atualizado e foi demitido tem que repaginá-lo. Fuja do currículo funcional, com informações apenas de cargos e qualificação. Acrescente novas formações e, principalmente, suas realizações no trabalho. Por exemplo, algo que criou ou uma ação que reduziu custos da empresa. Isso o diferencia de outros candidatos.
RETOME CONTATOS
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Procure todas as pessoas conhecidas logo. “Tem que se mostrar visível para o mercado”, diz Paulo Sardinha.
CADASTRE-SE EM SITES
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Procure vagas nos sites das empresas e nos de recrutamento , que ajudam a selecionar candidatos. O Linkedin também é uma ferramenta. A foto de apresentação tem que ser sóbria. É preciso fazer e ampliar contatos na rede, mesmo sem conhecer pessoalmente as pessoas. “É uma rede de trabalho, não Facebook”, orienta Carlos Alvim.
NA ENTREVISTA
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Fique atento: quem se candidatar a vaga com menor remuneração que a anterior tem que mostrar que está decidido. “O entrevistador sabe as ‘manhas’ do mercado e pode descartar uma pessoa por acreditar que ele investirá no cargo por muito tempo”, alerta Sardinha.
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