Por bferreira
Rio - Se o governo espera contar com o apoio das centrais sindicais e de representantes dos aposentados para fazer a reforma da Previdência, terá muito trabalho para convencer os líderes das principais entidades do país. As propostas de criar idade mínima para aposentadorias do INSS, de igualar as regras entre homens e mulheres de unificar benefícios por tempo de contribuição e por idade e igualar as regras da aposentadoria urbana e rural desagradam aos trabalhadores.
Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT) e até a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais chegada ao governo, são contrárias a alterações que representem perda de direitos. A Confederação Brasileira de Aposentados (Cobap) também é crítica à reforma.
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O presidente da UGT, Ricardo Patah, afirma que as propostas não podem tocar nos direitos dos trabalhadores. Ele diz que esse ponto é inegociável. O sindicalista reforçou o discurso mesmo após a declaração do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, no relançamento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, de que direitos adquiridos serão respeitados.
Em entrevista à coluna em 24 de janeiro, o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, já havia reiterado que as propostas do governo não mexerão em direitos de quem está no mercado. “A criação da idade mínima só pode ser negociada a longo prazo e se houver proposta de política educacional conjunta, que impeça que o jovem entre tão cedo no mercado”, defende Path.
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Já a CUT afirmou que se as propostas que serão levadas ao Fórum de Debates sobre Políticas de Emprego, Trabalho e Renda e Previdência representarem retrocessos, serão combatidas pela central.
“Estabelecer a aposentadoria apenas por idade, vai fazer com que os mais pobres e que convivem com as piores condições de trabalho precisem estar nas empresas durante 50 anos para obter o direito. Não concordamos com a reforma em hipótese alguma”, reforçou Vagner Freitas, presidente da CUT.
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Freitas cobrou que a discussão seja feita no fórum, espaço criado pelo governo para tratar do assunto. A próxima reunião será dia 18.
Há quem até aceitaria debater a criação da idade mínima. O presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, ligado à Força Sindical, Carlos Ortiz, afirma que a proposta só é negociável se for apenas para novos segurados e não para quem está no mercado de trabalho. “Quem já está contribuindo tem que ter os direitos garantidos”, defende.
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Para Paulo Pereira da Silva, presidente da Força, as medidas em estudo para a reforma, são nocivas aos direitos dos trabalhadores. “Não aceitaremos de jeito nenhum”.
O presidente da Cobap, Warley Martins foi o mais duro nas críticas. “Sou contra nova reforma. Vamos combater nas ruas a imposição da idade mínima. Meu voto será sempre contrário a qualquer tentativa de retirar direitos dos trabalhadores”, afirmou.