Por adriano.araujo, adriano.araujo
Rio - Reorganizar o orçamento e fazer cortes no consumo doméstico já fazem parte da rotina dos brasileiros, mas esse comportamento acaba reforçando a queda na atividade econômica e influenciando todos os setores, como indústria e comércio. O consumo das famílias, antes motor da economia brasileira, deve ter registrado em 2015 o pior desempenho em 25 anos, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A pesquisa mostra que as vendas no varejo recuaram 4,1% no ano passado e que vão encolher outros 3,7% em 2016. Já a produção nacional de bens de consumo despencou 9,5% de janeiro a novembro de 2015.
Redução de consumo pelas famílias vai impactar mais uma vez o comércio varejista neste anoErnesto Carriço / Agência O Dia

Só a fabricação de bens duráveis, que incluem automóveis e eletrodomésticos, foi cortada em 18,3%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Mesmo diante do encarecimento de insumos, fabricantes estão enfrentando dificuldades para repassar os aumentos de custos para os preços de seus produtos, sob o risco de perder a parte da demanda que sobrou.

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Segundo a CNC, a avaliação do consumidor sobre o momento para compra de bens duráveis permanece em pisos históricos. “Tudo leva a crer que sim, a redução no consumo deve continuar”, diz a economista Marianne Hanson, da CNC.
Além da inflação elevada e da confiança em baixa, o consumo ainda compete neste início de ano com algumas despesas essenciais para as famílias, como mensalidades escolares e transporte público (diante dos reajustes), além da cobrança de impostos como IPVA e IPTU.
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“O orçamento das famílias fica mais comprometido com uma série de gastos que são mais difíceis de cortar”, lembra Marianne, da CNC. “As dificuldades crescentes em relação ao crédito, mais escasso e caro, também são uma questão que dificulta que as famílias continuem consumindo”.
Desemprego sobe em 2016
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A Fundação Getulio Vargas (FGV) projeta nova redução da massa salarial em 2016, puxada pela deterioração no mercado de trabalho e nova rodada de aumentos na taxa de desemprego.
A taxa de desocupação no Brasil subiu para 8,9% no terceiro trimestre de 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo IBGE. É a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012.
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Por isso, o ajuste nas contas das famílias deve continuar, independentemente da moderação dos gastos e do vencimento gradual de dívidas já contraídas. “As dificuldades crescentes em relação ao crédito, mais escasso e caro, também dificultam que as famílias continuem consumindo”.
?Com Estadão Conteúdo
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