Por thiago.antunes
Rio - A Comissão de Educação da Câmara dos Vereadores quer passar um pente fino nas apostilas distribuídas pela Prefeitura do Rio aos alunos da rede. Nesta terça-feira, o colegiado vai enviar ofício à Secretaria Municipal de Educação pedindo que o órgão entregue a produção para avaliação.
O problema veio à tona quando o irmão de um aluno identificou erros de Geografia no caderno pedagógico de Matemática do 5º ano. Belém aparecia como capital de Pernambuco, e Manaus, da Paraíba. Já o 7º ano leu na apostila de História que Milão era sede do Império Romano.

Outra falha apareceu nesta segunda-feira: a apostila de Ciências do 8º ano, usada ano passado, ilustrava um esqueleto humano com quatro dedos em cada pé.

Apostila ilustrava esqueleto humano com quatro dedos em cada péReprodução

Segundo a Secretaria de Educação, a imagem, “utilizada em atividade lúdica, depois da parte conceitual, foi retirada de uma revista de recreação”. Na parte conceitual do mesmo caderno pedagógico, consta uma imagem correta do esqueleto.

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“Quando encontramos erros, assim como todas as editoras privadas de livros didáticos, enviamos erratas”, diz a Secretaria. Os Cadernos Pedagógicos são criações coletivas dos professores da rede e usados junto com os livros didáticos, como apoio às aulas.
“Vamos solicitar à Secretaria a criação de um filtro, ou seja, que equipe de profissionais da rede se debruce sobre as apostilas e detecte esses erros antes que cheguem aos alunos”, declarou o presidente da comissão de Educação da Câmara, vereador Reimont (PT).
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Professora aposentada das redes estadual e municipal, Sonia Amaral, 68, dá aulas de reforço escolar e, ao folhear o material, espantou-se: “É uma tristeza. As crianças estão aprendendo errado.”
Para o Sindicato dos Profissionais de Educação, a aplicação do material “demonstra falta de autonomia dada aos professores, que não têm liberdade de escolher o material didático”.
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Professora da Faculdade de Educação da Uerj, Alzira Batalha concorda: “O material não suscita na criança olhar crítico, não estimula a criatividade.”