Rio - Situada em uma área de 25 mil metros quadrados, a maior unidade da Faetec no Estado do Rio foi inaugurada, há um ano e meio, em Saquarema, na Região dos Lagos, ao custo de R$ 35 milhões. Na época, a Escola Técnica Estadual Helber Vignoli Muniz, no distrito de Bacaxá, prometia fornecer mão de obra técnica em abundância e de qualidade para todas as cidades da Baixada Litorânea. No dia 9 de agosto, os 172 alunos colaram grau.
Junto com o diploma, porém, veio a surpresa. Formandos dos cursos de Petróleo e Gás, Edificações, Segurança do Trabalho, Eletromecânica e Meio Ambiente descobriram que a unidade não é credenciada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) — e muito menos os seus cursos técnicos.
Sem o registro no órgão, os novos técnicos não podem exercer a função. “Tenho um diploma que não me serve para nada. Teoricamente estou formada, mas na prática não posso trabalhar”, critica uma das formandas, que prefere não se identificar.
Como ela, alguns alunos tiveram que abrir mão de ofertas de emprego por não possuírem a carteirinha profissional do Crea. De acordo com o órgão, se for constatado que o profissional está atuando sem o registro, ele poderá ser autuado por exercício ilegal da profissão. “Se sabiam que era obrigatório por que não deram entrada no pedido com antecedência? Vamos ter que esperar quantos anos para trabalhar?”, questiona a ex-aluna.
A Faetec informou que aguarda a emissão do documento oficial de autorização exigido para o credenciamento junto ao Crea. Já a Secretaria de Educação (Seeduc) garantiu que a unidade está autorizada a funcionar. Em nota, o Crea afirmou que até o momento “não consta protocolo de requerimento de cadastramento da instituição de ensino e dos cursos técnicos.
Petróleo e Gás sem estágio
Não bastasse a falta de registro profissional no Crea, formandos do curso de Petróleo e Gás levaram o diploma sem nunca terem estagiado em uma empresa do setor. Segundo os alunos, nenhuma empresa firmou convênio com a unidade.
Mesmo com tantas pendências a serem resolvidas, a ETE de Bacaxá continua a pleno vapor. Atualmente, 1.800 alunos estão matriculados nos oito cursos técnicos, que dispõem de 18 laboratórios, biblioteca, sala de leitura, auditório para 300 pessoas, refeitório com 140 lugares e um centro esportivo.
A Faetec acrescentou que “vem mantendo diálogo com a Seeduc para deliberar a documentação oficial no intuito de agilizar o registro que legaliza a atuação destes profissionais técnicos”.