Rio - Em uma assembleia tumultuada — com direito a interdição de rua e bate-boca —, professores grevistas da rede estadual de ensino resolveram nesta segunda-feira manter a paralisação. A decisão já preocupa alunos do terceiro ano do Ensino Médio, que vão prestar o Enem no final de outubro. O governo segue irredutível com a categoria e reafirma que a negociação só se dará quando a greve for suspensa. Na sexta-feira, novo ato seguido de assembleia está marcado para as 10h, na Candelária.
O encontro de 2 mil servidores com o Sepe-RJ durou mais de três horas e teve várias interrupções. No início, a assembleia aconteceu nas escadarias da Alerj, mas logo um grupo resolveu tomar as pistas da Rua Primeiro de Março. Houve discussão entre os professores, pois uma pequena parte insistia em bloquear o trânsito e outra optava pela liberação de pelo menos uma faixa. Após 20 minutos de muita conversa, alguns ônibus foram autorizados a passar pelo bloqueio.
Adesivos de ‘Educação em greve’ foram colados nos coletivos. Um motorista de ônibus, exaltado pela demora da liberação da via, bateu boca com professores e acelerou o veículo próximo ao grupo que interditava a avenida. “Essa é a hora de mostrarmos nossa força. Se não aparecermos, nossas demandas nunca serão atendidas”, protestou a professora de Ensino Médio, Kátia Teixeira.
Depois da confusão, o bloqueio ao trânsito se repetiu, mas logo a Polícia Militar desviou o fluxo e os professores permaneceram na via tranquilamente. Ao fim da assembleia, os servidores voltaram para as escadarias da Alerj para apoiar os grevistas que acampam no local há uma semana.
Jovens organizam grupos na Internet
Alunos do terceiro ano do Ensino Médio precisaram encontrar jeito para se preparar para o Enem. Desde o início da paralisação, Francisco Marcílio, 19, que estuda à noite no Colégio Estadual Souza Aguiar, na Lapa, recorreu a um curso pré-vestibular nos finais de semana.
“Preciso pensar no meu futuro”, explicou. Na turma dele não há aulas de Matemática, Sociologia, História e Geografia. Nas outras disciplinas, a adesão dos professores é parcial com aulas de cerca de 30 minutos, quando o tempo certo seria 50. Para amenizar as dificuldades, colegas de Francisco organizaram grupo em uma rede social para trocar dúvidas e exercícios.
“É uma greve justa. O professor precisa lutar pelos seus direitos. Mas e as turmas de terceiro ano? Eles poderiam dar uma força pela internet, pelo menos”, lamenta Francisco, lembrando que seu professor de Matemática criou blog para entrar em contato com alunos.
Sindicato diz que adesão chega a 50%
Após 40 dias de greve, a Secretaria de Educação e o Sepe ainda divergem sobre a adesão da categoria. Nesta segunda, a secretaria informou que 710 servidores de total de 91 mil faltaram ao trabalho. O sindicato, porém, afirma que a greve chega a 50% da rede estadual.
Em nota, a secretaria informou que 30 mil alunos estão prejudicados com a paralisação e que, desde o dia 6, o Sepe está sendo multado em R$ 300 mil diariamente por descumprir decisão judicial que suspendia a greve. O sindicato já recorreu dessa decisão e aguarda uma nova posição da Justiça.
Ciep com aula de francês
O Ciep Brizolão Governador Leonel de Moura Brizola, em Charitas, na Zona Sul de Niterói, será a primeira escola no modelo de Ensino Médio Integrado a oferecer aulas de francês a partir de 2014. O secretário estadual de Educação, Wilson Risolia, fez o anúncio na manhã de ontem, acompanhado do prefeito Rodrigo Neves.
“Niterói tem um relacionamento com a França por diversas iniciativas. De fato, é uma cidade que pode, a partir do êxito deste projeto, replicar esse tipo de parceria para outros municípios do Brasil”, argumentou o secretário, que garantiu que vai lutar pela democratização do acesso das classes populares ao estudo do idioma. O Ensino Médio Integrado une a formação geral à técnica.