Rio - O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe) declarou, durante assembleia nesta quarta-feira, apoio incondicional aos Black Blocs no que diz respeito aos confrontos com a polícia ocorridos no protesto de segunda. Houve votação sobre o assunto durante a reunião no Clube Municipal, na Tijuca, Zona Norte do Rio, que definiu também a continuidade da greve da categoria.
Muitos dos professores afirmam ter sido protegidos pelos mascarados dos excessos cometidos pelos policiais e, além disso, eles teriam feito os primeiros socorros de pessoas feridas durante as confusões nos arredores da Câmara Municipal.
"As manifestações dos profissionais de educação continuarão a ser organizadas pelo Sepe, mas os Black Blocs serão sempre bem-vindos. O Sepe não pode se responsabilizar por atos anteriores, mas nos protestos dos professores os causadores dos conflitos não foram os Black Blocs e sim a polícia", afirmou o coordenador geral do Sepe Alex Trentino.
O Informe do DIA adiantou que a admiração dos professores pelos jovens mascarados é evidente na edição desta quarta. Em grupos de professores e de outros servidores formados no Facebook, foram postadas desde o início do mês frases como “Black Blocs, admiro vocês”, “Parabéns aos guerreiros Black Blocs”, “Black Bloc é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo”. Uma mulher que se identificou como professora os classificou de “jovens destemidos”. Outra, mais direta, os chamou de “fofos”.
Cerca de 5 mil professores participaram da assembleia e, logo depois, saíram em passeata em direção à Cidade Nova. Durante o encontro, houve ainda um esclarecimento sobre os pedidos de saída da secretária de Educação Claudia Costin. De acordo com o sindicato, os gritos "Fora, Costin" não constituem uma condição para o término da greve, são apenas vistos como uma maneira de demonstrar discordância com a atual política do município para a educação.
"O prefeito Eduardo Paes disse que não negocia com o Sepe. Isso só diminui o espírito de consenso e aumenta a guerra entre os dois lados, que para mim não deveria existir", disse o deputado Marcelo Freixo (Psol), que participou da assembleia nesta quarta.
A juíza Roseli Nalin, da 5ª Vara de Fazenda Pública, pode decidir nesta quarta-feira pela concessão ou não da liminar para suspender as sessões que aprovaram o plano de Cargos, Carreiras e Salários dos professores municipais, na última terça-feira, na Câmara Municipal.
A magistrada determinou nesta terça à noite que o presidente da Casa, vereador Jorge Felippe (PMDB), se manifeste, em até 48 horas, sobre a realização das sessões. Após o recebimento das informações, a juíza vai estudar se concede ou não a liminar.
O mandado de segurança com o pedido foi feito pelos vereadores Renato Athayde Silva, Eliomar de Souza Coelho, Paulo Pinheiro, Reimont Luiz Otoni Santa Bárbara, Leonel Brizola, Jefferson Davidson Dias de Moura, Márcio Barreto dos Santos Garcia, Maria Teresa Bergher e Verônica Chaves de Carvalho Costa.
Na ação, os parlamentares alegam que o direito ao devido processo legislativo teria sido "violado em razão de tumulto, falta de segurança dos vereadores e funcionários do Poder Legislativo e do impedimento de acesso do público às sessões ocorridas na Câmara Municipal na data da aprovação do plano". Segundo os vereadores, a reunião de comissões temáticas legislativas, em princípio, deve ser aberta ao público, o que não ocorreu com as três sessões questionadas.
O grupo questiona também a distribuição de senhas para que os vereadores pudessem convidar uma pessoa para acompanhar a votação. No processo, os vereadores alegam, ainda, que a Lei Orgânica do Município veda expressamente a realização de sessões secretas.
Reportagem: Gabriel Sabóia