Por thiago.antunes
Rio - O anseio por universidades mais populares e inclusivas recebeu nesta quarta-feira uma excelente notícia: a fatia mais pobre da população com mais de 24 anos aumentou — e muito — sua participação nas faculdades públicas e privadas do país. Em 2004, eles eram apenas 1,4% dos universitários do Brasil, e em 2013 esse percentual subiu para 7,2% — cinco vezes mais — de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2014, divulgada ontem pelo IBGE.
Os índices de escolaridade acompanharam essa mudança. As camadas sociais com menor renda, com 25 anos de idade ou mais, tiveram um aumento de 46% no número de anos de estudo: saindo da média de 3,7 para 5,4 anos.
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Segundo André Simões, um dos pesquisadores responsáveis pela análise dos dados, estas mudanças são reflexo das políticas nacionais de inclusão: “O crescimento da renda é um fator importante para explicar os dois fenômenos. Com mais recursos, famílias têm condição financeira mais estável para colocar os filhos na universidade. Há um maior estímulo à escolaridade”.
Novos indicadores sociais do IBGEArte%3A O Dia

Na Região Metropolitana, o tempo dedicado aos estudos entre estudantes de 25 anos ou mais saiu da média de 8 anos, em 2004, para 9,2 anos, em 2013. Na universidade pública, são as cotas que apadrinham essa nova leva de estudantes; e nas particulares, as bolsas filantrópicas, sociais, e as modalidades de financiamento dos créditos.

A estudante de Direito da UFF, Luciana Silva, 26, pôde ver as portas do Ensino Superior se abrirem duas vezes à sua frente: ela entrou pelo Prouni na faculdade privada paulista Mackenzie para fazer Letras, e hoje é aluna da federal. “Na minha sala, de 40 pessoas, só oito são cotistas. É importante ampliar essa proporção para termos, na universidade, diversos pontos de vista em debate”.
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O número de casais sem filho também aumentou no período: passou de 14,6% em 2004 para 19,4%, em 2013 — uma queda de 33% em nove anos. O casal Leomir Corrêa, de 47 anos, e Liliane Corrêa, de 45, ajudou a incrementar essa estatística. “Somos casados há 22 anos, mas por viajarmos muito e sairmos muito a sós, achamos que não tínhamos condições de ter filhos. Estamos muito à vontade com a decisão”, revelou Leomir, que vive agitada vida de coordenar o setor de produção de uma emissora de televisão.
Reportagem de Luiza Gomes