Por paulo.gomes

Rio - As medidas anunciadas pela Caixa Econômica Federal — o banco aumentou a taxa de juros duas vezes este ano e, mais recentemente, reduziu o percentual a ser financiado, no caso dos imóveis usados —, estão fazendo com que muitas famílias adiem a compra da casa própria. No entanto, especialistas afirmam que o consórcio pode ser boa alternativa para viabilizar o negócio.

“Quem estava poupando para dar entrada na época das regras antigas, pode agora utilizar este dinheiro e aplicar no consórcio. A pessoa continuará poupando e terá duas chances de adquirir a unidade: por meio dos lances e, neste caso, ela usa o dinheiro que conseguiu juntar, ou pelo sorteio”, explica o economista Gilberto Braga, do Ibmec e da Fundação D. Cabral.

Consorciado pode usar o FGTS para oferta de lance ou complemento do créditoDivulgação

O modelo ajuda no planejamento pessoal ou familiar, não cobra juros, não tem saldo devedor e permite poupança a longo prazo, com o objetivo de compra definida. A contemplação acontece por sorteios ou por lances.

Outra característica do sistema é que o cliente pode usar até 10% do valor do crédito para despesas com documentação, entre elas seguro, certidões e escritura. É permitido ao consorciado-trabalhador lançar mão do saldo da conta do FGTS para oferta de lance ou complemento do crédito, amortização de saldo devedor, abatimento de parte de prestações ou liquidação de débito.

“De janeiro a março deste ano, pouco mais de 700 consorciados-trabalhadores utilizaram R$21,8 milhões de seus saldos em contas do FGTS em suas cotas”, afirma Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac).

Taxa de administração diluída

A pessoa que opta pelo consórcio adquire cota no valor do bem desejado e paga parcelas mensais de acordo com sua capacidade financeira individual ou familiar. Por sorteio ou por lance, todos os meses, há possibilidade de contemplação.

Além de não haver cobrança de juros, a taxa de administração é diluída ao longo do tempo de duração do grupo, tornando cada parcela paga em investimento no imóvel para formar ou ampliar o patrimônio próprio.

“Quando contemplado, o consorciado poderá utilizar o crédito disponibilizado como se tivesse comprando à vista, negociando descontos e barganhando vantagens”, completa o presidente-executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi.

São mais de 718 mil consorciados

De acordo com dados da Abac, até março deste ano havia 718 mil consorciados ativos no setor de imóveis, com 17.400 contemplações no primeiro trimestre e oferta de de R$ 1,73 bilhão.

No período a associação somou mais de 48 mil novas adesões, com R$ 5,6 bilhões em créditos comercializados. O perfil dos consorciados, de acordo com pesquisa feita pela Quorum Brasil no ano passado, a pedido da Abac, é 71% masculino, 64% na faixa etária acima dos 40 anos, 82% casados, e 47% têm filhos menores de 19 anos.

Nos consórcios em geral, predominam 52% de participantes da classe C, 23% na B, 22% na D e 3% na A, segundo critérios do IBGE.

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