Por cadu.bruno

Rio - A dona de casa Maria Lucia dos Santos Penha, que mora há 38 anos na comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, recebeu o Papa Francisco em sua casa na manhã desta quinta-feira. A mulher reside em uma das sete casas que havia sido previamente selecionadas para receber uma visita do pontífice, que esteve na comunidade nesta manhã.

Dona de casa recebeu visita do Papa em VarginhaFelipe Freire / Agência O Dia

A fiel disse não quase dormiu durante a noite por conta da ansiedade e expectativa pela chegada do Papa. Maria Lucia trabalha na comunidade como responsável pelo terço na igreja e por evangelizar jovens e adultos.

"Minha casa não foi escolhida por eu ser católica. Quem me escolheu foi Deus", disse. A dona de casa enfeitou a casa com bolas e vários adesivos religiosos. De acordo com ela, que ganhou um terço, o Papa Francisco abençoou a casa, rezou Ave Maria e tirou fotos com os moradores. Ele tem uma foto do Santo Padre na parede de casa e comemorou. "Agora a estante ficará mais completa".

Após receber a benção do pontífice, Maria Lucia disse que deve ter mais amor ao próximo. "Fui abençoada pelo Papa, mas isso não quer dizer que tenho me gabar ou vangloriar. Pelo contrário, preciso ter humildade e ser como ele, ter mais amor ao próximo, evangelizar mais pessoas", contou ela, que mora na casa número 81 da Rua Carlos Chagas.

'Sempre pode colocar mais água no feijão'

O Papa Francisco fez discurso na manhã desta quinta-feira na comunidade de Varginha. O pontífice mostrou bom-humor e usou expressões tipicamente brasileiras ao falar com os moradores. Sobre um palco montado em um campo de futebol na comunidade, o Santo Padre fez até uma brincadeira com a cachaça.

"Desde o início, quando planejava minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste país. Queria bater em cada porta, dizer 'bom dia', pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho. Não cachaça!", afirmou o Papa, sorrindo.

Papa recebeu carinho de fiéis em VarginhaReprodução TV

O pontífice também falou sobre a famosa receptividade brasileira. "Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode 'colocar mais água no feijão'! Se pode colocar mais água no feijão? Sempre! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração", disse.

Papa é recebido por centenas de moradores na comunidade de VarginhaReprodução TV

Francisco convocou os jovens a não perderem a esperança e pediu ao poder público esforço para construir um mundo mais justo. "Eu gostaria fazer uma chamada aos que têm mais recursos, aos poderes públicos e a todos os homens de boa vontade comprometidos com a justiça social: que não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário. Ninguém pode permanecer indiferente diante das desigualdades que ainda existem no mundo", pediu.

Durante o trajeto, Francisco abençoou crianças que eram levadas até ele pelos seguranças. Na chegada à favela, muitas pessoas gritavam o nome do pontífice e algumas faixas foram estendidas nas grades, contra as remoções forçadas e pedindo justiça pelos mortos nas comunidades.

Antes do discurso, um dos jovens da comunidade usou o microfone para das boas vindas ao Papa. "A sua vinda, Pai Francisco, nos levou à mídia nacional e internacional. Ruas foram asfaltadas, as lixeiras foram melhor distribuídas e outras melhorias foram feitas. Esperamos que isso continue", disse ele, lembrando que a comunidade sofre com enchentes quando chove forte.

Recepcionado por crianças, Francisco ganhou um colar colorido. Depois, fez uma pausa no percurso e entrou em uma capela dedicada a São Jerônimo Emiliano. "Pai abençoe esse altar que preparamos para ver seus mistérios", disse. Um morador deu ao Papa uma faixa do time argentino San Lorenzo, do qual Francisco é torcedor.



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