Rio - Para tratar as dores na coluna cervical, Suely Carvalho, 74 anos, foi submetida a sessões de auriculoterapia. Já os problemas nas articulações foram resolvidos com o pa tuan chin. Não, os procedimentos não aconteceram em sofisticadas clínicas privadas, mas na rede pública de saúde. Conhecidas popularmente como ‘terapias alternativas’, práticas como acupuntura, shantala e shiatsu são oferecidas pelo SUS, inclusive em diversos municípios do Estado do Rio.
A lista do que pode ser tratado pela medicina complementar é enorme: estresse, ansiedade, dores, problemas ortopédicos, infecções, pneumonia... No Rio, há 88 unidades que oferecem o serviço, desenvolvido por profissionais como médicos, enfermeiros e fisioterapeutas. “Temos ótimos resultados em hipertensos, diabéticos, idosos e pessoas que sofrem com fortes dores. Usamos as técnicas também no combate ao tabagismo ”, comemora Cristina Barros, gerente de Práticas Integrativas e Complementares da Secretaria Municipal de Saúde do Rio.
Semanalmente, a dona de casa, Clarita dos Reis, 55, faz sessões de auriculoterapia para tratar a obesidade. Ela conta que as pequenas sementes de mostarda já reduziram o estresse, a ansiedade e as dores nas mãos: “Reduzi o uso de remédios e já perdi 12 quilos.”
Médica homeopata da Fiocruz, Gíssia Gomes Galvão explica que a medicina complementar trata a pessoa integralmente e não foca apenas na cura de uma doença específica. Ela ressalta que o método é eficaz e há menos efeitos colaterais. “Vale para qualquer pessoa, de qualquer idade, não só para as que não respondem bem aos tratamentos convencionais”, explica, acrescentando que a primeira consulta com um homeopata não dura menos de uma hora.
O Ministério da Saúde reconhece como práticas integrativas e complementares a fitoterapia, a homeopatia e a acupuntura. Medicina antroposófica e crenoterapia são métodos ainda em teste, de acordo com Felipe Cavalcanti, coordenador da Área Técnica de Práticas Integrativas e Complementares do ministério.
Ele lembra que os municípios têm autonomia para inserirem outras técnicas no rol de serviços do SUS. Segundo Felipe, o ministério vai estudar a incorporação da yoga, do reiki e naturopatia, que é a cura com métodos naturais (água, argila e plantas). Em Niterói, há oferta de acupuntura e homeopatia. Em Duque de Caxias, pacientes contam com homeopatia, acupuntura e auriculoterapia. A lista completa dos serviços do município do Rio está em: www.rio.rj.gov.br.
ACUPUNTURA
Uma das técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, a acupuntura é a inserção de finas agulhas metálicas na pele. O instrumento é colocado nos chamados ‘pontos de acupuntura’ ,partes do corpo que concentram a energia. A prática é bastante usada em casos de mal funcionamento do organismo, como dores, problemas intestinais, gástricos e circulatórios.
HOMEOPATIA
A homeopatia chegou ao país em 1840. Antes de receitar um remédio, o médico homeopata analisa o paciente dentro das dimensões física, psicológica, social e cultural. O medicamento é feito em farmácias especializadas e não trata apenas uma parte do corpo. A prática é indicada para males como doenças crônicas não transmissíveis, respiratórias e problemas psicossomáticos.
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA
A fitoterapia é caracterizada pelo uso de plantas medicinais no tratamento de diversas doenças. Os remédios são considerados mais ‘naturais’ e com menos efeitos colaterais ao paciente. Os medicamentos precisam ser prescritos por profissional habilitado. Os benefícios da técnica são reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde.
CRENOTERAPIA
É o uso da água mineral com funções terapêuticas. A prática inclui a ingestão do líquido, além do uso externo (banhos). Encontradas em fontes naturais, as águas usadas na crenoterapia contêm substâncias específicas que tratam o paciente. Por exemplo, líquidos ricos em enxofre são usados para males na pele. Água com magnésio trata pressão alta e com lítio, depressão.
MEDICINA ANTROPOSÓFICA
O tratamento baseado na medicina antroposófica (ciência espiritual) considera, além dos aspectos físicos do ser humano, questões emocionais e espirituais. A técnica é utilizada inclusive em especialidades como ginecologia, reumatologia, cardiologia, pneumologia, psiquiatria e oncologia. Os medicamentos são produzidos em farmácias específicas e utilizam substâncias naturais (minerais, vegetais ou animais).
ATIVIDADE FÍSICA ORIENTAL
A atividade física oriental também integra a Medicina Tradicional Chinesa. As práticas mais conhecidas são o tai chi chuan e o pa tuan chin. O tai chi chuan se assemelha a uma dança e trabalha o equilíbrio, a redução da pressão sanguínea, o estresse, além de melhorar do sistema imunológico do paciente. Em idosos, a técnica reduz as quedas. Já o pa tuan chin é um alongamento que trabalha pontos energéticos do corpo.
AURICULOTERAPIA COM SEMENTE
A auriculoterapia é um dos métodos da Medicina Tradicional Chinesa mais antigos. Consiste na aplicação de sementes de mostarda em pontos estratégicos da orelha (cada local corresponde a um órgão do corpo). O grão é fixado com um esparadrapo e fica no paciente, em média, por uma semana. É indolor e trata problemas como dores e ansiedade.
SHANTALA
A shantala é uma técnica desenvolvida na Índia, que consiste na massagem de bebês. No caso dos pequenos, não há pontos de ‘energia’ pré-estabelecidos. Os movimentos são feitos quase sempre pelas mães, em todas as partes do corpo, principalmente nos braços, pernas e tórax. A shantala alivia as cólicas do bebê e ajuda no sono. Cada sessão dura, em média, uma hora.
REFLEXOLOGIA PODAL
Assim como a orelha, o pé também possui pontos estratégicos que correspondem a todas as partes do corpo. Além de amenizar o estresse, as massagens na região podem ajudar na cura de problemas que afetam coluna, pulmão, além dos sistemas gástricos e digestivos. Também é eficaz para o tratamento de infecções, alegias, faringite e resfriados.
MASSAGEM SUECA
Conhecida como ‘massagem dos atletas’, é feita, normalmente, nos intervalos das competições esportivas. O principal benefício da massagem sueca é a expulsão do ácido lático do músculo. Essa substância é liberada durante a prática de exercícios físicos e, em grandes quantidades, causa cãibra. A técnica ajuda no tratamento de pessoas que sofrem com dores musculares e tensão.
SHIATSU
Ao contrário da maior parte das técnicas utilizadas nas práticas complementares, o shiatsu nasceu no Japão, no final do século 19. Consiste em um tipo de massagem em que o profissional utiliza a pressão dos dedos para aliviar as dores. O shiatsu trata problemas na coluna, ajuda no equilíbrio emocional, além de melhorar cólicas, TPM, estresse, depressão e ansiedade.
DO-IN
O do-in também é conhecido como automassagem, ou seja, o próprio paciente estimula as regiões do corpo. A técnica é uma espécie de acupuntura sem agulhas e também trabalha com pontos de energia específicos no organismo. A prática foi desenvolvida no Japão e é recomendada para alívio de dores agudas (barriga, garganta e cabeça).