Inglaterra - Pelo menos 1.100 pessoas morreram nesta quarta-feira em um suposto ataque com armas químicas perpetrado em vários distritos da periferia de Damasco, denunciou a Coalizão Nacional Síria (CNFROS) por meio de um comunicado. O Exército da Síria nega as acusações, a Rússia chamou a denúncia de boatos e a comunidade internacional pede que o governo deixe a ONU investigar o ataque.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, com sede em Londres, denunciou as primeiras mortes, entre elas menores, em várias regiões da periferia de Damasco, uma acusação que, poucas horas depois, o regime de Bashar al-Assad fez questão de negar. "As alegações de uso de armas químicas pelo Exército sírio são nulas, vazias e totalmente infundadas", afirmaram as Forças Armadas.
Rússia: 'Velho truque provado no Iraque'
A Rússia tachou de boato as informações sobre uso de armas químicas. "Não acredito absolutamente nesse novo boato. Se foram realmente utilizadas armas químicas, isso parece mais o estilo dos rebeldes", disse o vice-presidente do Comitê de Relações Exteriores da Duma (Câmara dos Deputados) russa, Leonid Kaláshnikov, citado pela agência "Interfax".
Kaláshnikov acrescentou que as tropas do regime sírio não estão interessadas em provocar "forças externas" e "não precisam dar pretexto para uma intervenção exterior".
Kaláshnikov se mostrou irônico pela reação do Ocidente ao suposto uso de armas químicas e acrescentou: "Não é a primeira tentativa do Ocidente em relação à Síria. Na realidade, já é um velho truque que foi provado no Iraque".
União Europeia: Síria deve deixar ONU investigar
Países da União Europeia (UE) pediram nesta quarta-feira que a Síria permita a ONU investigar o uso de armas químicas e ter acesso sem restrições a uma área próxima a Damasco. Uma missão da ONU para investigar o suposto uso de armas químicas na Síria chegou há três dias no país.
"Estamos à espera de mais informação, mas se for comprovado, seria uma escalada estremecedora no uso das armas químicas na Síria", afirmou o ministro britânico de Relações Exteriores, William Hague.
"Se for confirmado, não será somente um massacre, mas uma atrocidade sem precedentes. A missão da ONU precisa imediatamente investigar o ataque", disse o ministro francês, Laurent Fabius.
Já o porta-voz do governo francês afirmou que o presidente do país, François Hollande, "anunciou sua intenção de pedir à ONU que a missão se desloque até os locais do ataque para desenvolver uma investigação".
O ministro sueco de Relações Exteriores, Carl Bildt, também demonstrou sua preocupação com as informações. "Peço que deem permissão para a missão ter acesso imediato aos locais para podermos ter conhecimento dos fatos. O ataque ocorreu no mesmo dia da inspeção de armas da ONU, portanto a missão está justamente ao lado", afirmou.
O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby, pediu que a missão da ONU se dirija imediatamente à periferia de Damasco para investigar os ataques de hoje. Em comunicado, Al Arabi "condenou o crime terrível que causou a morte de sírios pelo uso de gases tóxicos e bombardeios contra Guta Oriental".
Araby pediu aos investigadores da ONU que apurem o ocorrido, que segundo ele trata-se de uma "violação da lei internacional humanitária". Além disso, fez uma chamada para que organizações médicas e de salvamento, tanto árabes como internacionais, assim como as agências da ONU, atuem imediatamente para salvar os feridos.