Beirute (Líbano)- Os inspetores das Nações Unidas (ONU) que averiguaram o suposto uso de armas químicas na Síria chegaram neste sábado ao Líbano procedentes de Damasco, após terem concluído ontem a missão no país vizinho. Segundo a imprensa libanesa, os inspetores da ONU entram no país pelo posto de controle fronteiriço de Masnaa, onde passaram a ser escoltados por membros das forças de segurança libanesas.
Os especialistas realizaram o mesmo trajeto usado ontem pela alta representante da ONU para o desarmamento, Angela Kane, quem manterá neste sábado um encontro com o secretário-geral do organismo, Ban Ki-moon, para falar sobre o trabalho dos inspetores. Está previsto que a equipe da ONU se dirija ao aeroporto internacional de Beirute para deixar o país de avião, assim como fez Angela, que tomou um voo com destino a Istambul.
Os inspetores saíram do hotel situado na capital síria ainda de madrugada e, em um comboio, seguiram em direção à fronteira libanesa. Nos últimos quatro dias, a equipe de investigação da ONU visitaram os lugares onde os rebeldes e o regime de Bashar al Assad se acusam mutuamente de terem usados amas químicas.
A equipe da ONU, que chegou à Síria no último dia 18 de agosto para inspecionar outros casos, visitou ontem um hospital militar de Damasco, sendo que, nos dias anteriores, a inspeção foi realizada nas localidades de Muadamiya, Zamlaka e Ain Tarma, todas controladas pela oposição. De acordo com a oposição, o regime do presidente Bashar al Assad realizou um ataque químico no último dia 21 de agosto que resultou na morte de 1,5 pessoas, enquanto o governo, em resposta a tal acusação, atribuiu tal ação aos rebeldes.
Estava previsto que os inspetores apresentariam neste sábado à ONU um balanço preliminar de sua investigação, o que despertou a rejeição do regime de Damasco. No entanto, ainda ontem, a ONU esclareceu que não haverá nenhum relatório preliminar e que aguardará as conclusões das análises científicas para apresentar os resultados finais.
O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, assinalou que uma vez concluído o processo cientifico - "o mais rápido possível" - um relatório parcial será apresentado, mas que seguirão investigando o resto das denúncias para elaboração de um "relatório final completo".
Os inspetores da ONU devem retornar ainda neste sábado a Haia, onde fica a sede da Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), para repassar as mostras recolhidas a diferentes laboratórios, um processo que será supervisionado pessoalmente pelo responsável do grupo, o professor sueco Ake Sellström. Ontem, além de rejeitar um possível relatório parcial, o regime sírio também lançou criticas aos EUA, a quem acusou de apresentar provas "falsas" e baseadas nos dados da oposição.
O governo americano, por sua vez, tornou público ontem um relatório que assegura que 1.429 pessoas, entre elas pelo menos 426 crianças, morreram no ataque químico do último dia 21 de agosto na periferia de Damasco, uma ação que foi atribuída ao governo sírio.