Por bferreira

Rio - Doença que afeta bebês e provoca mal estar devido à ingestão do leite materno, a intolerância congênita à lactose já pode ser diagnosticada com um teste pouco invasivo que chegou recentemente ao Brasil. O exame, feito com sangue ou material da mucosa bucal, é capaz de detectar o transtorno e o diagnóstico fica pronto em duas semanas.

De acordo com o patologista clínico Armando Fonseca, diretor do DLE, laboratório que desenvolveu o teste no país, o exame deve ser feito quando a criança apresenta cólicas, náuseas, diarreia e fezes com sangue já nos primeiros meses de vida. Ele conta que, antes de o exame ser desenvolvido, o diagnóstico era feito de forma ‘intuitiva’.

Outro sintoma comum é a hipoglicemia. Isso ocorre porque a lactose é o principal açúcar do leite e sua digestão é feita pela enzima lactase, que transforma a lactose em glicose. Portadores da intolerância não têm essa enzima e não conseguem absorver a glicose. “Não existia uma forma de detectar a intolerância no bebê. Era feito um diagnóstico indireto, analisando as fezes e os sintomas na criança, mas muitas acabavam morrendo porque o leite é o único alimento delas”, declara.

De acordo com Armando, o exame pode ser colhido pelos pais, em casa, de acordo com as instruções fornecidas no site www.exameemcasa.com.br ou no laboratório. Este rastreamento genético analisa a mutação do gene LCT que produz a enzima lactas.

“Bebês com a doença devem seguir uma dieta baseada em produtos lácteos sem lactose, sendo uma das raras situações em que se evita o aleitamento materno”, disse.

Doença afeta 40% no Brasil

O exame vai atuar também no diagnóstico da intolerância à lactose não congênita, forma da enfermidade que surge após os 5 anos de idade e afeta cerca de 40% dos brasileiros. Segundo Armando, o método tradicional de detectar a doença é ‘provocativo’. A pessoa ingere um composto de lactose e depois passa por exames de sangue para saber se o organismo absorveu a glicose. “O problema é que quando a pessoa é tolerante, ela passa muito mal”.

Ele explica que portadores dessa forma da doença nascem saudáveis, mas ao longo da vida desenvolvem alterações genéticas e resistência à lactose. Os sintomas também são enjoo, vômito e diarreia.

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