Bruxelas (Bélgica) - O secretário-geral da Otan, o dinamarquês Anders Fogh Rasmussen, disse nesta quinta-feira que "é essencial manter sobre a mesa a opção da intervenção militar para avançar na solução diplomática" da crise na Síria. "A ameaça do uso da força facilita o processo diplomático e facilitou neste caso o acordo alcançado entre Rússia e Estados Unidos para a destruição do arsenal químico" sírio, explicou Rasmussen à imprensa após um discurso no instituto Carnegie.
O secretário-geral da Aliança disse que, em sua opinião, "a opção militar deve continuar em cima da mesa", mas declarou que "a solução, em longo prazo, para a Síria não é militar". Também advertiu que "qualquer intervenção militar na Síria pode ter imprevisíveis repercussões".
"É preciso distinguir entre a solução em longo prazo e a resposta específica para o uso de armas químicas", explicou Rasmussen, que afirmou que "o uso de armas químicas é uma violação do direito internacional que merece uma resposta internacional firme".
Perguntado sobre os motivos de uma intervenção da Otan na Líbia e não na Síria, o secretário-geral respondeu que "são casos muito diferentes". "Na Líbia, agimos com base em um mandato muito claro do Conselho de Segurança da ONU e obtivemos apoio dos parceiros da região. Nenhuma dessas condições ocorre com a Síria", disse.
Rasmussen afirmou "não ter dúvidas" sobre a autoria do ataque pelo regime sírio e pediu que o Direito Internacional seja acionado para punir os responsáveis. Sobre o acordo entre Washington e Moscou para a retirada de armas químicas, o dinamarquês declarou que "esta é a primeira boa notícia desde o início da crise", assim como "um enorme passo adiante".
Além disso, o principal responsável da Aliança Militar insistiu, várias vezes, na necessidade de os países europeus terem mais responsabilidades dentro da Otan e não deixarem tudo a cargo dos EUA. Tais pedidos se intensificaram depois que a missão aliada na Líbia evidenciou várias carências nos exércitos europeus, que necessitaram de apoio americano para poder desenvolver sua missão.