Por bianca.lobianco

Nova Délhi - Pelo menos 140 pessoas ficaram feridas nesta segunda-feira, em confrontos entre a polícia e trabalhadores do setor têxtil de Bangladesh que reivindicavam uma melhora salarial. Segundo o jornal "The Daily Star", no terceiro dia consecutivo, os protestos seguiram intensos nesta segunda, com mais de 100 fábricas fechadas e milhares de trabalhadores nas ruas de Daca, na cidade de Gazipur, e em Savar, o subúrbio industrial da capital.

Os maiores distúrbios foram registrados em Gazipur, onde os manifestantes atacaram um acampamento militar, de onde roubaram oito rifles, e danificaram 10 fábricas e 115 veículos, de acordo com as fontes. Os trabalhadores também bloquearam as estradas que conectam Daca com o resto do país por várias horas, enquanto as forças de ordem usaram bombas de gás lacrimogêneo e cassetete para dispersar os manifestantes e reabrir as estradas.

Os trabalhadores têxteis pedem um reajuste do salário mínimo mensal dos atuais US$ 38, o mais baixo do setor no mundo, até US$ 102. No entanto, a Associação de Produtores e Exportadores de Têxteis (BGMEA) ofereceu um reajuste de somente US$ 46, uma oferta que não agrada os manifestantes. "Esse salário mínimo que estão nos oferecendo é inaceitável", afirmou o presidente da Federação Nacional de Trabalhadores Têxteis de Bangladesh, Amirul Haq Amin.

Após o desabamento do edifício Rana Plaza no último mês de abril, tragédia que causou 1.127 mortos no país, governo e multinacionais ocidentais adotaram uma série de medidas para melhorar a situação laboral dos trabalhadores. No último mês de julho, o Parlamento aprovou uma emenda à lei trabalhista, a qual permite que os funcionários se filiem aos sindicatos, e anunciou a criação de um fundo de ajuda aos empregados. Além disso, neste mesmo mês, 70 empresas multinacionais assinaram um acordo para aumentar a supervisão e segurança nas fábricas do setor. Porém, o aumento do salário mínimo com efeito retroativo desde 1º de maio, uma promessa do governo após a tragédia de abril, segue pendente.

"As negociações avançam lentamente. É uma negociação de três lados, entre governo, representantes de donos de fábricas e trabalhadores. Por isso, o progresso é difícil", declarou Amin.

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