Itália - A prefeita da ilha italiana de Lampedusa, Giusy Nicolini, disse nesta quinta-feira após o naufrágio de uma embarcação que transportava cerca de 500 imigrantes para a costa da Itália que as autoridades não sabem o que fazer "nem com os mortos nem com os vivos".
Até o momento, o número de vítimas fatais pelo naufrágio já chegou a ao menos 130 pessoas, enquanto 250 estão desaparecidos. Giusy disse que os corpos estão sendo colocados em um cais da pequena ilha enquanto se procura outro lugar para armazenar os mortos.
A situação também é dramática no abrigo de imigrantes de Lampedusa, onde estão alojados atualmente 1.350 pessoas, para uma capacidade de cerca de 700.
A ilha está a 205 quilômetros ao sul da Sicília e a 113 quilômetros do litoral africano. Em três ou quatro dias as embarcações que saem da África alcançam Lampedusa, que é desta forma o sonho de muitos imigrantes.
"É um horror. Não deixam de chegar barcos e descarregar mortos. É impressionante", afirmou a prefeita entre lágrimas enquanto falava por telefone com emissoras de televisão.
Negligência europeia
"Não podem seguir vindo nestas condições. Se continuar assim é melhor ir pegá-los", disse a prefeita, que há meses denuncia a "negligência" das instituições europeias em relação ao drama dos imigrantes.
Desde sua eleição em maio de 2012, Giusy procura divulgar ao mundo o problema que Lampedusa enfrenta. Em fevereiro, a prefeita escreveu uma carta para a União Europeia (UE), na qual pedia ajuda, com o título: "Quão grande precisará ser o cemitério de minha ilha?".
O papa Francisco escolheu a ilha como sua primeira visita dentro da Itália após ficar comovido depois de uma tragédia ocorrida no Canal da Sicília.
No único cemitério da ilha existem dezenas de túmulos de imigrantes, enterrados sem nome e nacionalidade, apenas com uma foto do mar com sua suposta idade, se eram homens, mulheres ou crianças, sua origem africana e a data em que o corpo foi encontrado.
"Basta. O que esperamos? O que passa em Lampedusa é um horror contínuo", alertou Giusy.
Segundo um último relatório da fundação Fortress Europe, desde 1990 até o início deste ano oito mil pessoas morreram ao atravessar o Canal da Sicília, dos quais 2.770 foram em 2011, quando devido ao conflito na Líbia cerca de 60.000 pessoas tentaram chegar na Itália.