Rio - Sinal de alerta no comportamento juvenil no Brasil. O uso do preservativo diminuiu e o índice de fumantes de maconha aumentou, entre 2006 e 2013. É o que revela a pesquisa ‘Este Jovem Brasileiro’, do Portal Educacional.
Cerca de 6 mil estudantes responderam a questionários anônimos e online, entre abril e agosto. Segundo o levantamento, a taxa dos que usaram camisinha na primeira relação sexual caiu de 78% para 71%. Além disso, a porcentagem de jovens que recorrem ao método com frequência reduziu de 61% para 54%.
“Eles usam na primeira relação, mas depois perdem a percepção das consequências de abandonar preservativo”, alerta Paulo Eduardo Velho, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.
O especialista ressalta ainda o início precoce da vida sexual e atribui o fenômeno à cultura no Brasil, que estimula o sexo em músicas e programas de TV. “Isso afeta também as meninas. Muitas recorrem à pílula do dia seguinte, sem saber os efeitos colaterais”, disse.
Em relação ao uso da maconha, a taxa dos que haviam provado entre 12 e 13 anos e o número de fumantes habituais da droga subiram. Adolescentes também relataram usar calmantes e os remédios para controle de hiperatividade e atenção. Entre os entrevistados, 16% já experimentaram cigarro (em 2006, eram 26,5%).
“É próprio do adolescente tentar romper regras. Cabe à escola o ensino científico dessas questões e à família a transmissão de valores”, conclui.
Sentimentos que atrapalham a rotina dos jovens
Dificuldade de concentração (49%), ansiedade (47%), irritação (44%), tristeza e desânimo (30%) são os sentimentos mais recorrentes entre os adolescentes. Segundo o psiquiatra Jairo Bouer, do Instituto de Psiquiatria da USP, especialistas discutem a relação da ansiedade e da dificuldade de concentração com o excesso de tempo na internet.
As múltiplas possibilidades da rede poderiam dificultar o foco em um único estímulo. Bouer também percebe ligação entre quem já experimentou maconha e as mudanças nas emoções. “O uso da maconha parece aumentar ansiedade, tristeza e desânimo, dificuldade em se concentrar e entender a aula, afetando o rendimento escolar”, aponta.
A pesquisa indicou ainda que o índice de reprovação chegou a 31% entre os que já fumaram a droga.