Cidade do Vaticano - O papa Francisco recebeu nesta sexta-feira em audiência o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, para discutir diferentes assuntos atuais relacionados à União Europeia, especialmente a imigração e o asilo de refugiados após a tragédia do naufrágio perto da ilha italiana de Lampedusa.
Em entrevista à imprensa após a reunião com o pontífice, Schulz confirmou o seu convite ao papa Francisco para participar hoje no Parlamento Europeu, como fez o papa João Paulo II há 25 anos.
O encontro, na biblioteca do Palácio Pontifício, durou aproximadamente meia hora e foi considerado "extraordinário" por Schulz. Nele puderam conversar sobre os principais problemas enfrentados na atualidade pela UE, "com especial atenção, como não é nenhuma surpresa", à imigração ilegal. O presidente do Parlamento Europeu disse a Francisco que a UE está comprometida a enfrentar a questão e que não vai a deixar "a Itália nem nenhum país" só.
"Diante dessa problemática, a União Europeia deve seguir uma estratégia dupla: primeiro, garantir a proteção temporária dessas pessoas e, segundo, caminhar para melhorar a situação em seus países de origem". Para Schulz, esse último ponto é "vital" e deve estar baseado na "cooperação e no desenvolvimento com o sul do Mediterrâneo".
O político alemão reconheceu que "não se pode enfrentar esse problema apenas com FRONTEX (órgão comunitário encarregado de proteger a fronteira exterior da UE), já que é necessária mais cooperação e mais desenvolvimento".
Segundo Schulz, a "realidade de Lampedusa" fez com que o problema seja mais visível para a opinião pública, mas que o Parlamento Europeu sempre cobrou às instituições europeias que deêm mais proteção aos refugiados. "Isso é um assunto de regiões que vivem guerras civis, desastres naturais, fome, desespero...", lembrou.
O papa Francisco estimulou o presidente do PE para que busquem soluções, apesar do próprio Schulz reconhecer que "dentro da União Europeia há opiniões heterogêneas".
Com relação ao conflito da Síria e à estabilidade do Oriente Médio, Schulz lembrou que o Parlamento sempre apostou em uma solução através da via diplomática "até o último momento".
Schulz presenteou o papa argentino um livro de orações dominicais e outro sobre a catedral de Aachen (Alemanha). Na sua visita, o social-democrata alemão também se reuniu com o ainda secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, e com o secretário para as Relações com os Estados, o arcebispo Dominique Mamberti.
Schulz se reunirá também nesta sexta com um grupo de jovens imigrantes na Comunidade de Sant'Egídio e participará de um debate público sobre a luta contra a pobreza e a marginalização, na Universidade Pontifícia.