Por joyce.caetano

China - O gasto de quase US$ 320 milhões (R$ 669 milhões) em eventos para celebrar o aniversário do falecido líder chinês Mao Tsé-tung, incluindo cantos coletivos e um banquete popular, causou indignação popular na China, em um momento em que as autoridades reprimem esse tipo de extravagância.

O governo de Shaoshan, cidade natal de Mao, informou nesta segunda-feira que a programação de 26 de dezembro, por ocasião do 120º aniversário dele, incluirá a apresentação de 10 mil pessoas entoando uma canção que compara o líder revolucionário ao alvorecer. Outras 10 mil pessoas vão comer "auspiciosas" massas típicas comemorativas em vários locais.

A prefeitura da localidade de Xiangtan, à qual Shaoshan está subordinada, disse em seu site que "a comemoração do aniversário do camarada Mao Tsé-tung é o mandato político máximo, que se sobrepõe a tudo". As autoridades disseram que a festa vai custar 19,8 bilhões de iuanes (US$ 318,6 milhões).

Mao governou a China durante quase três décadas, da vitória da sua revolução comunista, em 1949, até a sua morte, em 1976, aos 83 anos. Nesse período, ele era alvo de um culto à personalidade, e ainda hoje seu corpo embalsamado é visitado por admiradores em um mausoléu na praça da Paz Celestial, em Pequim.

Mas detratores o acusam de ter cometido erros administrativos que levaram à morte de milhões de vitimados pela fome e a repressão política.

A suntuosa festividade de Shaoshan contraria a campanha do atual líder chinês, Xi Jinping, contra o desperdício e o luxo e alguns cidadãos foram à internet se queixar.

"Realmente vale a pena gastar 1,9 bilhão de iuanes com alguém que já morreu", escreveu o usuário Li Gaofeng no Weibo, espécie de Twitter chinês. "Há tantas crianças pobres e idosas viúvas ou sem filhos esperando ajuda na China."

Outro usuário, Zheng Huoshen, foi mais direto. "Isso é corrupção flagrante", disse. Shaoshan, na montanhosa província de Hunan, no sul, teve um PIB anual inferior a 5 bilhões de iuanes em 2012.

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